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O otimismo prevalece, mesmo diante da violência – #Opinião

Rocinha, Vidigal, Complexo do Alemão, Cantagalo, Jacarezinho. O Rio possui tantas favelas, tantos morros, eu poderia ficar horas nomeando-as. Mas, todas elas têm algo em comum, a violência. Antes de chegar ao asfalto, ela está presente nas camadas mais pobres da sociedade. O cotidiano dos moradores é de medo e prejuízo devido à “guerra urbana”.

Segundo dados da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre julho de 2016 e julho de 2017, a cidade do Rio de Janeiro registrou 3.829 tiroteios. E a consequência disso resultou em 129.165 alunos da rede municipal que ficaram sem aula. Além das crianças e adolescentes, os adultos também sofrem, pois chegam atrasados no trabalho, às vezes, perdem compromissos importantes e inadiáveis por não conseguirem sair de casa.

O que acontece numa determinada comunidade acaba afetando a vida de muita gente, mesmo daqueles que moram distantes dos locais onde acontecem os confrontos, ou até mesmo em outras cidades. Por exemplo, devido os últimos acontecimentos na Rocinha, a minha faculdade (Faculdades Integradas Hélio Alonso), cancelou as aulas na sexta-feira (22), para tentar garantir a segurança dos alunos e funcionários.

Entretanto, os danos vão muito além de percas materiais, atrasos nos compromissos marcados ou ausência de aulas. A violência meche com o lado emocional, as pessoas ficam temerosas e tem a sensação constante de insegurança. Será que amanhã estará tudo em paz ou será mais um dia de guerra? Essa pergunta é frequente para as pessoas que vivem em locais de risco.

Contudo, o Instituto Data Favela divulgou que moradores de favelas são mais otimistas que brasileiros em geral e que 76% disseram acreditar que a favela onde moram vai melhorar. Eu, assim como eles, sou esperançosa em relação a isso. Mas, não basta diminuir a violência sem investir em educação, sem dar uma saúde de qualidade ao povo e oferecer condições para que eles tenham uma vida digna.

Esta coluna é de responsabilidade de seus autores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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