Certa vez uma criança do ano de 2142 A.C perguntou a um viajante do futuro: Senhor místico que viaja no tempo, o que fazem as crianças no futuro? O viajante parou um instante e pensou; como irei explicá-la? Bem… Elas andam com um espelho mágico nas mãos, o qual não param de olhar… com este elas caçam criaturas invisíveis do mundo da imaginação… Com esse espelho elas também podem conversar com o mundo inteiro e enxergar a qualquer um independente da distância em que se encontra. Quando chegam em suas cabanas… sentam-se perante um espelho ainda maior que espelha a imagem de aventuras com as quais elas se tornam personagens e se envolvem… As crianças do futuro também se reúnem em grupos de centenas em meio a escuros salões para verem um espelho mágico do tamanho daquele barco que está ancorado no cais… E este reflete os sonhos mais fantasiosos destas crianças…
A criança ficou em silêncio por um tempo e perguntou… Mas, estas crianças realizam seus sonhos? Mais uma pergunta que me pegou de surpresa: Não, quando elas crescem se libertam de tais ilusões, mas continuam presas aos seus espelhos… Passam a usá-los para resolverem os problemas do mundo, se informarem acerca dos problemas do mundo durante dia e noite… Os usam até mesmo para encontrarem os amores da vida…
Mas elas conseguem resolver os problemas do mundo e encontrar os amores da vida? Perguntou a criança… Parei, a olhei nos olhos e disse: É melhor você não saber, mas o mundo do futuro é apenas um reflexo no espelho da esperança… Um espelho que se quebrou… de tanto os outros olharem somente as imagens de si próprios em seus espelhos individuais.
Mas por que eles tanto olham suas imagens se basta olhar-se uma única vez num reflexo para se concluir como está? Por que estes espelhos que cada humano carrega nas mãos mostram as imagens que os espelhos dos outros refletem, logo, vê-se os rostos do mundo inteiro além do seu… Contudo, o espelho possui uma maldição; ele quase nunca reflete a verdade… E quando você pergunta, espelho espelho meu, existe alguém melhor do que eu? O espelho lhe diz sim… e aponta milhares ao seu redor, fazendo-o sentir-se menor milhares de vezes…
Este espelho parece ser maligno… Disse a criança. Para concluir, disse àquela criança que vivia numa tribo guerreira o seguinte: Os guerreiros do seu tempo duelam com a espada, enquanto que os guerreiros do meu tempo duelam com as aparências. Enquanto o guerreiro do seu tempo forja a própria arma e armadura, treina seus golpes e habilidades, treina estratégias, para depois de anos ir à batalha e vencer finalmente a guerra… O guerreiro de meu tempo acorda a lutar, luta em todo lugar, dorme a lutar e a calcular as vitórias que os olhos dos outros testemunharam ao ver seu reflexo vencendo na vida dia após dia numa guerra interminável de aparências… O guerreiro do seu tempo vence de verdadeiramente… O guerreiro de meu tempo, vence ilusoriamente…