Quem anda na madrugada do Rio sabe que a coisa não é fácil. Não estou falando da saída daquela boate bacana: estou falando da rua mesmo, aquela onde a gente sabe que a pista tá salgada, que o esculacho pode estar na próxima esquina.
Já andei muito pela Saara, voltando da Lapa. O fato de serem ruas monitoradas e teoricamente seguras faz com que esta rota seja muito usada por quem precisa fazer o caminho da Lapa pra Central. Desconfio que já me senti mais seguro transitando por ali às quatro da manhã do que às quatro da tarde.
Mas o papo não é bem esse.
Três grafiteiros passavam pela Saara quando foram abordados por “seguranças” da área. As latas de spray foram usadas para pintar os rapazes, que também foram forçados a rolar nas suas tintas e tiveram o corpo inteiro pintado. Além disso, sofreram espancamentos com barras de ferro. Peraí, deixa eu ligar o caps lock:
USARAM BARRAS DE FERRO PARA ESPANCAR TRÊS RAPAZES QUE PORTAVAM TINTAS.
Um dos links do vídeo é este aqui, publicado pelo Dante, um dos grandes nomes do grafite carioca:
https://www.facebook.com/dante.urban.1/videos/10207269784035372/ (cenas fortes)
https://www.facebook.com/dante.urban.1/videos/10207269784035372/ (cenas fortes)
E não é um caso isolado não.
Teve o cara amarrado no poste. Teve os ataques aos ônibus vindo da zona norte em direção à praia. Todo dia é um esculacho, é uma máquina de revolta financiada pelo próprio Estado. O resultado é esse tipo de terrorismo. Ainda não conversei com alguém dos Direitos Humanos, mas tenho certeza que foram cometidos alguns vários crimes na cena.
Peraí, galera.
O que mais me assusta é que o Estado, que deveria aplicar a lei, é quem financia o ódio. É ele quem coloca o policial despreparado na rua. É o Estado que permite o empresário de ônibus parar de circular os coletivos de madrugada. É o Estado quem permite uma associação manter “seguranças” nas ruas fazendo o que bem entendem porque não é capaz de fornecer segurança suficiente. É o Estado que não se mexe pra influenciar a sociedade a favor da arte, da vida e do diálogo. É o Estado quem crie e aplica a lei – quando lhe convém, é claro.
Mas a lei da rua, parceiro, é totalmente diferente.
A rua cobra.