O dia é das crianças, a noite não

Carente de matinês, cada vez mais crianças se aventuram na noite carioca

A gente não quer só comida e isso todo mundo sabe – exceto o atual governo federal, que quer de todo jeito aprovar a tal PEC que corta os investimentos em educação, saúde e outras coisas. Entre as necessidades básicas, adicione o ingrediente “entretenimento” no cardápio da vida moderna. Mas não são só os adultos sedentos por uma boa diversão.

Ouço menores de idade se vangloriando das suas aventuras etílicas, comentando sobre o quanto beberam catuaba na noite anterior, sobre quanta cerveja de má qualidade ingeriram, sobre quanto vinho de origem duvidosa passou pelas suas vistas, e confesso que fico um tanto quanto chocado – isso sem falar das drogas.

Esse papo não é de hoje.

Quase todo mundo tem alguma história para contar sobre consumo de álcool e drogas ilícitas na adolescência. Certamente nossos pais têm também algumas histórias pra contar. O que mais me preocupa é a frequência e a facilidade que estas histórias têm se repetido. Gente cada vez mais nova frequenta eventos de rua noturnos e cada vez mais gente tenta burlar a identidade para entrar em festas fechadas. Se a procura está enorme, a sensação é que a oferta está acompanhando esse filão.

Oras, cada um sabe de si. O problema é que o consumo, ainda mais desenfreado, de certas substâncias pode causar dependência. Não quero entrar no papo hipócrita de droga tal ou tal ser “a porta de entrada para o vício”. No entanto, tudo tem um começo. Já escutei uma pessoa dizer que não é viciada em maconha, mas só consegue comer depois de fumar um. É sério.

Seríssimo.

Na semana das crianças, pode ser uma boa ideia conversar francamente com elas sobre algumas coisas dessa vida. Sim, uma pessoa de 12 anos é uma criança e precisa de orientação. O baile está cheia de “novinha de 14” fazendo coisas que muitas mulheres experientes ficariam de boca aberta.

E nesse caso as novinhas não tão sensacional.

Esta coluna é de responsabilidade de seus atores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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