Uma sexta-feira de setembro de 2019 é relembrando como um capítulo triste para a comunidade do Complexo do Alemão A data marca um momento doloroso para toda uma família. Agatha Félix, menina de 8 anos, foi atingida por um tiro de fuzil nas costas quando estava dentro de uma kombi com a mãe, Vanessa Sales, na Fazendinha. A menina chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. O tiro partiu da arma de um policial.
Com o ocorrido, houve protestos de norte à sul do Brasil, além de homenagens à menina. Movimentos sociais tomaram as ruas, clamando por justiça e carregando cartazes de ordem. A foto de Agatha apareceu em shows e eventos de artistas. No Rock in Rio de 2019, a funkeira carioca Lellê do Passinho levantou palmas para a menina. Emicida fez o mesmo, destacando a uma foto da menina no telão do palco Sunset, no mesmo ano.
Dois anos após o ocorrido, um inquérito da Polícia Civil concluiu que o tiro que matou Agatha partiu da arma de um policial militar. Segundo os investigadores do caso, Rodrigo José de Matos Soares atirou na direção de um garupa de uma moto, ao confundir uma esquadria de alumínio com uma arma. Ainda conforme a investigação, a bala bateu num poste, ricocheteou e atingiu Agatha. Rodrigo, além de erro de execução, também foi denunciado por homicídio doloso e virou réu no caso.
Relembre o caso:
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Caso Agatha Félix: Quatro anos, poucos avanços
Rodrigo Mondego, advogado da família, relatou que após o policial virar réu, sob decisão do juizado, o caso foi para júri popular, ou seja, quando o júri é composto por cidadãos comuns que não possuem formação em Direito. Desde então, a família aguarda por uma nova audiência. “Agora estamos aguardando a análise de um recurso que o réu fez. O caso está no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro”. Não há data para uma nova audiência.
Mãe de Agatha Félix: “Ela era meu tudo, meu primeiro lugar”
Em entrevista exclusiva ao Voz das Comunidades, Vanessa Sales, mãe de Agatha, relembrou o dia que a filha foi atingida. “Eu gritava ‘eu estou aqui , eu estou aqui! Agatha, eu estou aqui!”, mas ela já estava desacordada. Quando chegamos no UPA, ali não tinha atendimento. Então fomos pro hospital. E dali, levaram ela para atendimento.”
Sobre a demora do julgamento, a mãe crítica a lentidão da justiça. “Pra mim, parece que vai retrocedendo. Isso parece não acaba porque nunca vai acabar. Eu vou viver com isso, da ausencia da minha filha aqui. Porque às vezes parece que eu sou diferente. Porque parece que eu que tenho que me inserir na sociedade. Atiraram na minha filha, minha filha morreu. Parece que eu sou diferente.
Vanessa segue em luta intensa pela justiça por Agatha e também por outras crianças vitimadas em operações policiais. “Criança tem que ser criança. Elas tem que brincar. Tem que ter o direito de brincar e aprender. Nós, como mães, sempre quisemos dar o melhor para nossos filhos. Eu sempre quis dar o melhor pra Ágatha.”