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Moradores do Capão estão há três anos usando tábuas de madeira como ponte

Duas pessoas já caíram na ponte, moradores dizem que prefeitura esteve no local e não resolveu o problema
Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Moradores do Capão, no Complexo do Alemão, improvisaram uma ponte de madeira. O problema é denunciado por anos e ainda não houve solução. Segundo informações de moradores, ao menos duas pessoas caíram no córrego que fica embaixo da ponte improvisada. 

Seu Roberto da Silva, de 43 anos, mora no local há 25 anos e diz que quando chegou, a ponte já estava feita e nunca houve uma manutenção dela. Já houve várias visitas de representantes da prefeitura ao local prometendo consertar a ponte, mas até agora nada foi feito. 

“Tem três anos que ela quebrou. Aí, vocês vieram, fizeram uma reportagem, a prefeitura falou que ia fazer uma solicitação para fazer essa ponte. Já tem dois anos que estamos aguardando a prefeitura fazer. Acho que vão mandar engenheiro para cá, todo mundo para fazer uma ponte de três metros” desabafa o morador, que tem um comércio próximo do local.

Uma das pessoas que caíram na ponte foi a neta da aposentada Dalva da Silva, de 60 anos. “O povo cai aí dentro vai se machucar, né. O vizinho ali caiu aqui também”, relata. Além do risco de acidente, há muitos ratos e baratas por conta do esgoto que passa embaixo da ponte. “Muito rato, barata, fedor! É tanta barata que a gente bota remédio e ele continua dentro de casa. Outro dia, o rato estava aqui dentro”, comenta ainda.

Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades

Seu Roberto conta que, na época em que o teleférico foi construído, desviaram a rota da água que escorre do morro, fazendo ela passar toda pelo Capão. “Porque lá tem muito comércio. Era muita gente tomando prejuízo, ficavam reclamando, agora a água passa aqui levando tudo!”. Ele teme que a ponte seja levada, caso haja uma chuva forte, mas também afirma que aparentemente só assim vão resolver o problema: “Quer ver eles fazerem a ponte rápido? Deus me livre e guarde uma criança cair aqui, bater a cabeça e morrer. Aí, eles vêm todos rápidos”, lamenta.

O problema do Capão vai além da ponte e o Voz das Comunidades já denuncia essas questões há anos. Lixo, esgoto, postes  de energia elétrica que dão choque são alguns dos relatos e situações vistas pelos becos, além de escadas desniveladas que denunciam o abandono público ao local. Buscando dignidade, os moradores criam suas próprias soluções para cada problema encontrado. “O certo é a prefeitura consertar isso” afirma seu Roberto.

O Plano de Ação do CPX reúne propostas de soluções para várias dessas questões. O material pode ser consultado para elaboração de políticas públicas para o Complexo. Nós continuaremos acompanhando a situação do Capão.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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