Foto: Kamila Camillo / Voz das Comunidades
Em abril deste ano o governo federal criou o auxílio emergencial para brasileiros afetados pela pandemia do novo coronavírus. Porém, mais de 3 meses depois, muitos moradores ainda têm dificuldades ao acessar o aplicativo Caixa Tem.
O auxílio emergencial é pago através do aplicativo Caixa Tem. Contudo, o aplicativo tem muitas peculiaridades que se tornam empecilhos no momento do acesso de muitos moradores. Peculiaridades como horários específicos para conseguir interagir com as funções, filas confusas de espera on-line e até ficar fora do ar ao longo do dia.
A maior dificuldade dos usuários tem sido com relação à transferência do dinheiro creditado para o pagamentos de contas. Os saques do auxílio são em datas posteriores a muitas datas de vencimentos e, devido a isso, o serviço de transferência é muito necessário. No entanto, o aplicativo não comporta esse atendimento e gera transtornos.
Leticia Silva, de 21 anos, moradora da Vila do Pinheiro, comunidade do Complexo da Maré, zona Norte da cidade, é uma das milhares de pessoas que vêm peregrinando ao usar o aplicativo Caixa Tem. “Eu encontrei muita dificuldade primeiramente de conseguir acessar o aplicativo, porque a pessoa fica numa fila dentro do app por horas pra no final, quando chega a vez, sempre dá algum erro e você ter que voltar pra fila novamente até conseguir acessar. Quando finalmente consigo acessar, não dá para consultar o valor, nem extrato, e nem fazer pagamentos de boletos. Fiquei por mais de uma semana para conseguir pagar um boleto, porque sempre dava erro ou dizia que não era o horário, mesmo sendo”.
E quando o aplicativo se torna inútil é necessário ir às ruas para tentar solucionar o problema. Gerando assim filas gigantescas e aglomerações na porta de agências bancárias. Letícia também falou sobre essa situação, após passar 6 horas esperando o atendimento numa fila. “É um absurdo, então acabo achando melhor pagar as contas com esse dinheiro via internet. É uma exposição muito grande ao vírus nessas filas imensas. De um lado você quer fazer o isolamento, e tem a opção de pagar pelo app, mas que acaba não funcionando, então você se vê obrigada a ir pra rua, saindo de casa de manhã, e só chegar depois que o banco fecha”.
Letícia está desempregada e, assim como muitos outros moradores de favela, necessita demais do auxílio emergencial e do aplicativo do governo funcionando. Porém, a realidade se mostra mais uma vez difícil para aqueles que mais precisam do auxílio, que aparentemente é emergencial apenas no nome.