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Moradora do Alemão conta como sobreviveu à Linha Chilena: “Quando percebi eu já estava ferida”

A Linha Verde, setor do Programa Disque Denúncia, recebeu 291 chamadas sobre o uso ilegal de linha chilena no ano passado

O número de acidentes por linha chilena ou uso do cerol vem aumentando no Rio de janeiro, assim como as campanhas de combate a venda desses materiais e a conscientização do uso, que é um risco a vida da população.

Os recentes casos de vítimas de linha chilena e cerol na cidade do Rio de Janeiro elevaram o grau de preocupação com uma brincadeira que a cada dia é mais arriscado: a utilização de linhas cortantes e cerol para soltar pipa. Quando a vítima não vem a óbito, tem cicatrizes, traumas e muitos outros problemas com os acidentes.

Rafaela Figueiredo de França, 37 anos, moradora da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, é uma das vítimas da linha chilena que por sorte sobreviveu ao acidente. O caso aconteceu em Caxias, onde Rafaela morava com sua família. “Era uma tarde de domingo, eu passeava na garupa da moto com uma amiga quando fui atingida no pescoço pela linha”. Segundo a vítima, ela só percebeu que havia se ferido quando sentiu uma forte ardência no pescoço e sinal de sangue. 

“Duas crianças estavam na rua passando cerol na linha e não vimos, quando percebi eu já estava ferida”. Rafaela foi socorrida por moradores do local e levada ao hospital, onde recebeu o atendimento e foi informada que o corte não havia sido profundo.

“Se a moto tivesse com a antena acredito que isso não teria acontecido” . Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

Emocionada, Rafaela falou do desespero que sentiu e sobre a falta de conscientização das pessoas em relação ao perigo que esse material pode causar. Ela ainda falou da importância do uso da antena nas motos. “Se a moto tivesse com a antena acredito que isso não teria acontecido”. O uso da antena serve para evitar acidentes, como cortes nos braços e pescoços, e é recomendada por motociclistas. O uso não é obrigatório no Brasil, porém, no Rio de Janeiro, profissionais que utilizam a moto comercialmente estão obrigados a utilizar esse equipamento e algumas empresas têm essa exigência na hora de contratar seus funcionários.

A linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte pode levar a morte, pois sua composição é feita pó de quartzo e óxido de alumínio. O cerol é uma fabricação caseira, feita com uma mistura de cola e pó de vidro ou cola e pó de ferro. “Depois do susto, hoje em dia uso o Facebook para alertar as pessoas do perigo que esse material pode causar, e que a brincadeira pode existir sem o uso disso”, comenta Rafaela, vítima do uso da linha chilena.

Além do uso da antena, Rafaela diz que é preciso conscientizar mais a população e principalmente as crianças sobre o perigo da linha e do cerol. Foto: Selma Souza/Voz das Comunidades

O Linha Verde, setor do Programa Disque Denúncia, recebeu 291 chamadas sobre o uso ilegal de linha chilena no ano passado. Em 2018 foram registrados 72 casos. Com isso, o número de vítimas cresceu em 2019.  No Rio de Janeiro, a venda é proibida por lei e a população pode ligar para o número 0300 253 1177, que tem custo de uma ligação local. Além disso, o anonimato é garantido. A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Municipal também recebe denúncias  por e-mail ou no telefone 0800 285 2121.

Sua denúncia pode salvar vidas: Diga não ao uso da linha chilena e cerol

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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