Há pouco mais de dois anos as comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo têm uma mídia representativa que busca informar os moradores dos locais sobre segurança e oportunidades. O PPG Informativo, criado e cuidado por Ana Muza Cipriano, é um jornal virtual e conta com mais de seis mil acompanhantes na página do Facebook.
O projeto surgiu em setembro de 2014, inspirado em mídias comunitárias como o CDD Acontece. Ana Muza, que morou na comunidade por 27 anos, foi a representante da comunidade no quadro do RJTV “Parceiro do RJ” e, após o término do trabalho, reconheceu a necessidade de firmar uma mídia comunitária no território. “A grande mídia faz o papel dela, mas a história da comunidade e o cotidiano da mesma NUNCA será contada da mesma maneira que um morador contaria. Então podemos dizer que o nascimento do PPG Informativo também foi devido à necessidade de uma representação fiel sobre a comunidade”, conta. O trabalho é feito voluntariamente por pessoas que acreditam na missão do informativo. Além de Ana Muza, que é diretora geral e jornalista, auxiliam Larissa Montez, que é assistente de comunicação, e Thamila Magno, designer.
A página conta com informações que são passadas diariamente aos moradores, sejam elas sobre saúde, educação, cultura, esporte ou entretenimento. Tudo sobre a comunidade e para a comunidade. O PPG Informativo contribuiu para para a solução de casos específicos ligados a falta de luz e de água, quando moradores entraram em contato pedindo auxílio. Além de unificar as informações sobre o Pavão Pavãozinho e Cantagalo, o jornal também tem como objetivo facilitar o acesso aos líderes comunitários, com a criação de uma ponte entre Associação e moradores. Ainda na linha de contribuir com a comunidade, foi criado o PPG IMÓVEL, que cuida somente dos imóveis vagos. A ideia é conscientizar para gerar uma comunidade mais limpa, diminuindo o anúncio impresso que causa sujeiras em valas e ruas.
O sucesso do PPG Informativo resultou na criação de um aplicativo feito por uma moradora, como conta Ana Muza. “Ao longo desses 2 anos, a gente aprendeu muita coisa e passar isso aos moradores nos fez perceber como eles ainda são carentes de informações básicas. Há moradores que nos mandam “bom dia”, todo dia, e perguntam se podem sair de casa devido a algum confronto (mesmo sabendo que não tratamos desse assunto). Há moradores que nos enxergam como a própria Associação, cobram de nós melhorias e serviços. Acreditamos que essa identidade já foi criada quando uma moradora local resolveu formatar uma ferramenta de comunicação com uma linguagem informal e verídica dos fatos. O aplicativo já está funcionando, mas apenas com visualização livre pela internet. Ainda não recomendamos baixá-lo. Precisamos de recursos financeiros para dar continuidade. Vamos torcer para que, em 2017, isso aconteça com sucesso”, explica.
A participação do morador é essencial para o andamento da página, já que desde 2016 Ana Muza não vive mais na comunidade. Os moradores têm canal direto com ela pelas páginas e WhatsApp. Além disso, Ana está semanalmente presente nas favelas para reuniões. O quadro #clickmorador é um exemplo de interação, com 100% das fotos enviadas pelos moradores, toda semana. O envio é anônimo, para assegurar a confidencialidade do contato. As fotos são recebidas por WhatsApp e/ou Messenger. “Criamos uma pequena chamada e sempre entramos em contato com a Presidente da comunidade para que ela, como líder, tome as devidas providências. Nem ela fica ciente de quem nos mandou a foto”, esclarece Ana, que é quem recebe pessoalmente as fotos e mensagens.
O PPG Informativo trabalha com duas listas de transmissão no WhatsApp: PPG Notícias e PPG Imóveis. Todas são acessíveis gratuitamente pelos moradores, onde eles recebem informativos diários de acordo com o que escolheram. O cadastro é feito através de um preenchimento automático, onde ele coloca nome completo, telefone e endereço em uma das listas. Todo o cadastro é validado em até 24h, quando o morador já começa a receber as informações. Além da página no Facebook, existe o grupo BOTA FORA PPG (para desapego de objetos), PPG IMÓVEIS (anúncios imobiliários) e PPG oportunidades (para ofertas de emprego).
O trabalho, por ser colaborativo, não conta com renda fixa, e os gastos com passagens para reuniões comunitárias, impulsionamento de publicação, internet, luz e manutenção do notebook e celular são ajudados com o canal de publicidade criado. “Todos podem anunciar seus serviços e empreendimentos com valores acessíveis para micro e macro empresas. As oportunidades de empregos são enviadas pela DARBS RH, que é nossa parceira para recrutar os moradores interessados. Ainda não recebemos nenhum prêmio, mas vale o reconhecimento dos moradores como um jornal interativo, eficaz e de credibilidade”, finaliza a fundadora do jornal.