Texto: Ygor Pinheiro | Foto: Vidigal Capoeira / Redes Sociais.
Para uma grande parcela da população, a busca por conhecimento nunca foi algo incentivado. Muito pelo contrário: quanto menos informadas essas pessoas são, mais fácil é manipulá-las. A partir desse raciocínio, pode-se refletir sobre muitos acontecimentos, e comportamentos, que ocorrem repetidamente durante o decorrer da história e, ainda assim, causam surpresa. Isso vale para as recentes tragédias que aconteceram – há poucos dias – nas favelas da Rocinha, do Vidigal e do Fallet Fogueteiro. O ponto em comum entre ambos os exemplos é que as pessoas envolvidas os tratam como novidades, ou fatos isolados, por não ter as informações que precisam sobre o passado.
Por isso, eventos como a sessão Ancestralidade, são muito importantes: para que, conhecendo sua história, a sociedade não cometa novamente os mesmos erros. Organizada pelo Favela Cineclube, a mostra de filmes independentes nacionais tem como foco a população negra, vendo nas narrativas sobre indivíduos negros que viveram, e morreram, antes dos que vivem hoje uma fonte de conhecimento. Dentre a lista de exibição estão: ‘Francisca’ (de Mariane Duarte e Luandeh Chagas), ‘Clementina de Jesus – Rainha Quelé’ (de Míriam Cris Carlos e Werinton Kermes) e ‘Ancestralidade – Ocupação Abdias Nascimento’ (Itaú Cultural e Instituto de Pesquisas Afro-Brasileiros).
A sessão Ancestralidade acontece nesta quinta-feira (14), a partir das 20h, no endereço Rua Nabuco de Freitas, 20, Santo Cristo. A entrada é gratuita.
Vítima dos descasos da gestão pública, além de fortes chuvas, o Vidigal recebe, neste final de semana, o Vidigal Cultural 2019. O evento pretende celebrar a capoeira, estilo de luta trazido pelos escravizados africanos ao Brasil, que, devido à perseguição praticada pela sociedade brasileira, tornou-se dança, para que pudesse sobreviver. Organizada pelo grupo Vidigal Capoeira, a programação se estende até o domingo, com rodas de capoeira para a terceira idade, crianças e adultos; apresentações de jongo e outras danças afro; lançamento de livros como o ‘Passos de um capoeira’, de Rui Zilnet, e muito mais.
O Vidigal Cultural 2019 começa na sexta-feira (15), a partir das 14h, no prédio Rinaldo de Lamare (Av. Niemeyer, 766, 11º andar). A entrada é gratuita.
Desde o seu início, nos bailes blacks cariocas dos anos 1970, até hoje, muitas coisas mudaram, mas o funk ainda mantém a mensagem de resistência da cultura favelada brasileira e, atualmente, a divulga mundo afora. É nessa pegada que o festival Favela É o Rap É o Funk chega, celebrando o segundo aniversário da Roda Cultural do Parque União. Entre as atrações estão Negra Rê, Martina MC, DJ Guará, Conexão Jamaica Gangue e muito mais. Além disso, também vai rolar um mutirão de grafite, antes dos shows e atrações.
O festival Favela É o Rap É o Funk acontece no sábado (16), a partir das 16h, no CIEP Professor César Pernetta (Rua Ary Leão, Parque União). A entrada é gratuita, mas a consumação deve ser feita no bar da Roda.
Qual é o lugar da bixa preta na sociedade? O Coletivo Afroxirê quer investigar as questões que envolvem o “ser” e “pertencer” dos indivíduos negros LGBTQI+ com a oficina Quilombixa, questionando o conceito de identidade e buscando demonstrar os traços da herança africana e indígena carregados por esses corpos. Isso será feito através de conversas, contação de histórias e técnicas de danças africanas, visando os orixás Logun edé e Ossanhê. No país que mais mata pessoas LGBT no mundo inteiro e onde pessoas negras têm duas vezes mais chances de morrer do que as não negras, encontros como esse são essenciais.
A oficina Quilombixa acontece no domingo (17), na Quinta da Boa Vista (Av. Pedro II, São Cristóvão), a partir de 17h. A entrada é gratuita.