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Filhos da geração “Nem, nem, nem”

Luís Martins, convida: Wesley Isidório

Luís Martins, convida: Wesley Isidório

Com certeza ao menos uma vez  você já ouviu o termo “geração nem, nem, nem” e talvez não tenha dado a devida atenção ou simplesmente não se sentiu atraído pelo nome, mas posso lhe garantir, você conhece algum “nem, nem, nem”, pode ser dentro de sua casa, na sua família ou no seu circulo de convivência. Estudos mostram que essa geração tem crescido muito nos últimos anos e hoje já representa 1 em cada 5 jovens com idade entre 15 e 29 anos.Se você ainda não se situou, a geração “nem, nem, nem” é representada por jovens que nem estudam, nem trabalham e nem procuram emprego.

Segundo dados divulgados pelo IBGE (dez/2015), no ano de 2014, 6,8 milhões de jovens compunham o contingente da geração “nem, nem, nem” no país. Isso se deve não somente a crise do desemprego, mas também a baixa qualificação desses jovens e o aumento da renda per capita das famílias que permitiu que o pais sirvam de “cangurus” para os filhos por mais tempo. A falsa impressão de que é necessário proporcionar maior tempo de estudo aos filhos faz com que alguns pais se percam na hora de “deserdar” o seu pequeno canguru e impedem que eles comecem a traçar os seus próprios objetivos e passem a trabalhar para comprar o seu próprio tênis de marca.

75% dos “nem, nem, nem” são mulheres que em sua maioria estão fora da escola e das empresas por se tornarem mães muito precocemente e precisam cuidar dos filhos (62% delas). Outro dado preocupante é que 58% dessa geração não concluiu os estudos e não possuem o interesse em retomá-lo nos próximos 6 meses. A maioria desses jovens (36%) estão estranhamente na região nordeste, tão conhecida por colocar os cidadãos tão precocemente no mercado de trabalho, seja ele formal ou não. Algumas pessoas dirão que a responsabilidade disso é dos programas assistenciais do governo, como o bolsa-família, que criam “carrapatos” do sistema, mas podemos afirmar que não, dados comprovam que muitos desses jovens não estão inseridos em nenhum programa assistencial.

Mas quem responsabilizar por essa geração que cresce a cada dia? Os pais? O governo? Os próprios jovens? É difícil responsabilizar alguém, afinal, é um aglomerado de situações que levam os jovens a se interessarem menos pelo seu futuro. Existe a grande necessidade de incentivarmos nossas crianças a serem cidadãos mais responsáveis e produtivos.

Desde a mais tenra idade é necessário que o indivíduo tenha a percepção das responsabilidades que deverá assumir no futuro. Porque não partilhar com o seu filho o planejamento familiar? Por que não permitir que ele conheça a sua planilha de recebimentos e gastos? Faça com que o seu filho saiba o quão trabalhoso é manter a casa, o quanto custa o lanche do colégio, a conta de água e luz. Países desenvolvidos ensinam planejamento familiar desde os primeiros anos de colégio e isso tem feito a diferença no momento em que o jovem precisa tomar as suas decisões e se tornar independente.

Tenha a certeza que colocar o seu filho a par das responsabilidades de um adulto não irá roubar sua infância ou atrapalha-lo nos estudos, pelo contrário isso pode exercer uma grande influência sobre o cidadão que ele será no futuro. Pense bem nisso e ajude a criarmos menos “nem, nem, nem” para o amanhã.

Por Wesley Silva de Oliveira Isidório

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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