Sobre bruxas
Quando você ouve falar em bruxa, muito provavelmente imagina uma velha horrorosa, com um nariz enorme, torto e verruguento, com um chapéu de copa alta na cabeça, usando um vestido preto, montada numa vassoura e dando gargalhadas sinistras e histéricas. Imaginará também que essa figura repugnante pratica magia negra e devora criancinhas. Aliás, a história da Branca de Neve contribuiu bastante para a divulgação dessa imagem. Ficará surpreso, portanto, quando souber que a palavra “bruxa” tem origem no idioma sânscrito (a língua sagrada da Índia) e significa “mulher sábia”.
A causa
A imagem distorcida que se tem dessas mulheres se deve à cruel perseguição movida contra elas pela igreja católica, na Idade Média – conhecida também como “Idade das Trevas”.
Naquele tempo, a igreja católica romana dominava todo o mundo ocidental e quem desobedecesse aos seus rígidos preceitos era torturado barbaramente e queimado vivo nas fogueiras.
Qualquer coisa que se dissesse ou fizesse, e que não estivesse escrito na Bíblia, era considerada heresia, sacrilégio e bruxaria. Foi o que aconteceu com o sábio Giordano Bruno e quase aconteceu com o gênio Galileu Galilei. Um bom retrato da brutalidade e da hipocrisia daqueles tempos vergonhosos é o filme “O Nome da Rosa”, com o ator Sean Connery, baseado no premiadíssimo livro do mesmo nome, de autoria do professor e pesquisador da Universidade de Roma Umberto Eco.
A verdade
No princípio, as bruxas eram respeitadas e admiradas como sábias e benfeitoras, até a igreja católica lhes atribuir o significado negativo de mulheres dominadas pelo demônio e por instintos inferiores. Na verdade, as bruxas eram apenas mulheres que conheciam e entendiam de ervas medicinais para cura de enfermidades e colocavam em prática seus conhecimentos, sem nada cobrar, nos vilarejos onde habitavam. Com a chegada do cristianismo, começou a imperar uma era machista. As mulheres foram então colocadas em segundo plano e tidas pelos cristãos fanáticos como objetos de pecado utilizados pelo diabo. Muitas mulheres não aceitaram essa identificação e rebelaram-se. Essas, dotadas de poder espiritual, começaram a obter novamente o prestígio que haviam perdido o que passou a incomodar o poder religioso. Assim, acusar uma mulher de bruxaria ficou fácil, bastava uma mulher casada perder a hora de acordar, que o marido a acusava de estar sonhando com o demônio. Veja a mensagem do site Wicca – uma instituição que congreba bruxos e bruxas do mundo inteiro:
- Nós não somos maus.
- Nós não prejudicamos nem seduzimos pessoas.
- Nós não somos perigosos.
- Nós somos pessoas normais como você.
- Nós temos famílias, empregos, esperanças e sonhos.
- Nós não somos um culto.
- Nós não somos o que você acha que somos quando vê TV.
- Nós rimos e choramos, exatamente como você.
- Nós somos sérios, mas também temos senso de humor.
- Você não precisa ter medo de nós.
- Nós não queremos converter você.
- E, por favor, não tente nos converter.
- Apenas nos dê o mesmo direito que nós damos a você, ou seja, viver em paz.
- Nós somos muito mais parecidos com você do que você imagina.
O Dia das Bruxas (Halloween)
A origem do Halloween vem das tradições dos antigos povos que habitavam a Gália e as ilhas britânicas, entre os anos 600 a.C e 800 d.C. Origalmente, o Halloween não tinha qualquer relação com bruxas. Tratava-se simplesmente de um grande festval do calendário celta, na Irlanda – o Festival de Samhain, que ocorria entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro e que marcava o fim do verão e homenageava os mortos. “Samhain” significa exatamente “fim do verão”, na língua celta. É interessante notar que o Dia de Finados cristão é celebrado precisamente no dia 2 de novembro.
Origens
A festa do Halloween tem duas origens que se mesclaram ao longo do tempo:
- A origem independente tem a ver, como já dissemos, com o Festival do Samhain. A invasão das Ilhas Britânicas pelos romanos, em 46 a.C., acabou misturando a cultura latina com a celta, sendo que a celta desapareceu com o tempo. Pouco sabemos sobre a religião dos druidas, pois não se escreveu nada sobre ela: tudo era transmitido oralmente de geração para geração. O festival era celebrado com ritos presididos pelos sacerdotes druidas, que atuavam como “médiuns” entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam, nessa data, para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.
- – A origem católica: desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para festejar “Todos os Mártires”. Três séculos mais tarde o Papa Bonifácio IV († 615) transformou um templo romano dedicado a todos os deuses (Panteão) num templo cristão e o dedicou a “Todos os Santos”. A festa em honra de Todos os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas o papa Gregório III († 741) mudou a data para 1º de novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma. Mais tarde, no ano de 840, o papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente. Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e “All Hallow Een” até chegar à palavra atual “Halloween”