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Ghosting – Ou como sumir da vida de alguém sem deixar ao menos um adeus

Final de 2016. Acabo me envolvendo em um flerte que acaba se tornando um encontro. Ponto. Após, tento retomar contato, mas não obtenho nada como resposta. Minha autoestima entra ladeira abaixo, e eu fico sufocado sem saber todas as respostas para aquele fim tão abrupto.

O fato é verídico, caro leitor, e a esse fenômeno é dado o nome de ghosting, termo vem ganhando popularidade nos últimos anos e foi eleito como uma das palavras do ano de 2015, pelo dicionário britânico Collins, conforme noticiado pelo veiculo de comunicação BBC. Ghosting, portanto, é terminar um relacionamento da noite para o dia, cortando todo tipo de comunicação, sem deixar explicações. Em uma época com a proliferação de relacionamentos virtuais, o ghosting é cada vez mais freqüente, produzindo muitas vezes efeitos devastadores.

As consequências do ghosting, um ato quase que exclusivo do mundo online, revela-se através da forma como as pessoas começam a tratar as outras. Adolescentes crescem pensando e agindo que não responder uma mensagem é simplesmente normal. Ao sermos ignorados, nós criamos a noção de que não temos sentimentos e que os outros também não têm, produzindo uma falta de empatia desoladora. Sofrer rejeição é algo que não cabe em nossa vida. Para aquele que sofre o ghosting, este se revela uma experiência traumática. Pesquisas apontam que isso pode afetar relacionamentos futuros da vitima do ghosting, produzindo uma pessoa insegura e sem confiança de si.

Seria o receio de terminar o relacionamento? Seria o medo de encarar pessoalmente a outra pessoa? Ou seria nada menos dos efeitos da modernidade liquida preconizada pelo filósofo polonês Zygmunt Bauman? Alguns especialistas afirmam que está relacionado ao fato da pessoa querer evitar um conflito, ou o incômodo da pessoa de chorar e ficar brava. Nossa sociedade passa bastante tempo estreitando relacionamentos virtuais, afastando-se cada vez mais do contato interpessoal. Isso é grave, e pode determinar o nosso futuro. Um futuro nada bom.

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Esta coluna é de responsabilidade de seus atores e nenhuma opinião se refere à deste jornal.

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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