Favela Verde conscientiza Laboriaux sobre preservação ambiental na Rocinha

Foto: Flávio Carvalho/Faveladarocinha.com
Foto: Flávio Carvalho/Faveladarocinha.com

O projeto Favela Verde atua, desde 2013, em parceria com os moradores do sub-bairro da Rocinha, Laboriaux para trazer conscientização ambiental, realizando diferentes atividades em torno deste tema. A iniciativa que antes se chamava Preserva Laboriaux foi uma proposta dos biólogos Eva Vilaseca e Gabriel Neira, com a participação de José Ricardo, hoje presidente da Associação de Moradores do Laboriaux, e Itamar Pontes, agitador cultural local. Hoje o projeto conta com cerca de 10 colaboradores. No sábado, 02/09, em parceria com o projeto Moleque Mateiro realizaram um mutirão de limpeza no espaço Caixinha do Laboriaux e cineclube com a exibição de dois curtas e o longa documentário “Quem Se Importa”, de Mara Mourão.

Os biólogos enxergaram na proximidade com o Parque Nacional da Tijuca um grande potencial para o Laboriaux. Junto com os moradores realizaram um diagnóstico ambiental, identificando pontos positivos e negativos do local. Nesse período de pesquisa, os biólogos puderam identificar o contraste entre a Rocinha e a reserva ambiental ao lado, enquanto a favela carece de serviços básicos, o vizinho tem uma das linhas de proteção florestal mais forte do país.

“O projeto teve sucesso porque entramos em contato com as principais lideranças da Rocinha para trabalharmos juntos com os moradores. Vimos no Laboriaux um potencial muito forte, devido à proximidade com a floresta”, afirma Eva Vilaseca.

Após este processo, que contou com visitas às casas e reuniões entre moradores e órgãos públicos, puderam então aprofundar as diretrizes de atuação. O projeto se oficializou e mudou o nome para Favela Verde, e hoje realiza atividades de educação ambiental, intervenções urbanas e empreendedorismo.

Foto: Flávio Carvalho/Faveladarocinha.com
Foto: Flávio Carvalho/Faveladarocinha.com

“O Favela Verde tem três linhas de atuação: Educar, Intervir e Empreender. O eixo Educar é voltado para educação ambiental. O “Cineclube da Caixinha”, com filmes ambientais, entra nessa linha de atuação. O projeto “Quartas Ambientais” também está atrelado a esse eixo, ensinando às crianças da Escola Municipal Abelardo Chacrinha como cuidar de uma horta, compostagem e a ter uma boa alimentação”, conta Eva.

No eixo “Intervir” os colaboradores realizam ações que modificam o território, e dentro dessa linha há o projeto “A Caixinha que Queremos”, em que moradores e voluntários constroem uma praça na localidade chamada Caixinha. “Os moradores dizem que brinquedos querem para a praça e aos poucos junto com eles tentamos construí-los”, diz Eva.

Também dentro do Intervir, há o projeto “Sistema Agroflorestal Urbano” que tem como objetivo revitalizar um terreno baldio nos limites do Parque Nacional da Tijuca plantando árvores frutíferas. A intenção é que esse local sirva como eco-limite e uma ferramenta de educação ambiental para a comunidade.

O último eixo, “Empreender”, tem a finalidade de gerar renda para os moradores através de empreendedorismo social. O principal projeto é “Caminhos do Lagarto” em que realizam o ecoturismo de base comunitária. A iniciativa é resultado da atividade “Conversa Entre Vizinhos”, quando o Parque Nacional da Tijuca e os moradores do Laboriaux realizaram reuniões com a finalidade de melhorar a relação entre as duas áreas. Depois disso, os moradores passaram a receber capacitação como guias, além de aprenderem sobre manejo de trilhas.

Foto: Flávio Carvalho/Faveladarocinha.com
Foto: Flávio Carvalho/Faveladarocinha.com

Todas as sextas-feiras, moradores orientados pela equipe do Parque realizam os cuidados necessários na Trilha do Lagarto que começa no Laboriaux e termina na Vista Chinesa. O caminho tem a duração média de cinco horas. Após toda adequação da trilha, os integrantes acreditam que em breve o caminho será regulamentado.

“Há um conjunto de regras que precisa ser cumprido para que uma trilha seja oficializada. Ela precisa ter acessibilidade, por exemplo. Estamos trabalhando para que em breve isso seja possível” explica a bióloga.

No início o foco do projeto era a permanência dos moradores na localidade, pois o sub-bairro estava em risco de remoção, por causa das chuvas que provocaram deslizamentos e a morte de duas pessoas, em 2010. Após o incidente, muitas casas foram demarcadas pela Secretaria Municipal de Habitação do Rio de Janeiro para serem removidas, mas os moradores através de pressão política conseguiram permanecer no local.

Para ter mais informações sobre o Favela Verde visite o site http://favelaverde.org

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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