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Favela: uma árvore, um aglomerado de casas ou um lugar de guerra, paz ou violência?

lucia cabral
lucia cabral

Favela – Violência – Paz – Guerra – Por: Lucia Cabral

Favela, antes de tudo, um lugar de gente feliz, de coisas boas. Ao menos deve ser assim, porém nos últimos tempos temos vivido uma guerra que não é nossa onde a briga de poderes tem feito vímas e transformado a nossa favela em campo minado. Profissionais de segurança, inocentes e jovens que lutam por um ideal que só eles entendem. Cada qual vive suas verdades em caminhos diferentes. Caminhos que poderiam ser outros, uma paz que procuramos sem sucesso. O fato é que tudo tem resposta porém poucos enxergam, ou melhor, não querem enxergar. Afinal diz o ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver”.

Vivemos em um país de muitas riquezas, porém de uma desigualdade desumana! A violência cresce ai. Não há interesse de mudanças e isso é um reflexo das histórias passadas. Nada muda porque não estão interessados em mudar. O contexto histórico, a época, o ano muda mas as formas de violência continuam as mesmas. Ou até piores. Hoje, as armas são ainda mais potentes que antes. Hoje há um desencontro do que realmente são os Direitos Humanos e as interpretações individuais surgem de um jeito violento demais. A maioria de nós luta apenas pelo direito de viver e ser felizes. A questão não é tão dicil de entender, basta cada um saber do seu dever e dos seus direitos pois daí surge a ética. Chamamos isso de ciência do saber: faça com o próximo o que gostaria que fizessem com você.

A consciência nos dá noção de exigibilidade, ou seja, tudo que vivemos é consequência dos nossos atos. Se conhecemos o que é certo e errado, saberemos exigir o que nos é de direito.

Mas e quando a violência se torna um câncer dicil de solucionar? As pessoas buscam a vitória e se tornam vimas das disputas. Cada vez se quer mais e mais. Um quer ser o Rei outra a Rainha. A vontade de ter mais bens materiais, mais poder, mais fama. A violência vem destas disputas, desta eterna busca.

Por isso cada um deve saber que competir por algo pode ser bom ou ruim. O preço que se paga por esta busca desenfreada é uma “sofrência“ sem fim…

Neste cenário, a favela se tornou um pedaço do mundo onde a disputa é mais visível. Na atual conjuntura, a juventude que é nosso futuro, nosso amanhã, está sendo exterminada na Favela. Muitos jovens morrem antes mesmo de começarem a viver. No fundo, todos estão em busca de paz mas já se acostumaram em ver que a favela é sinônimo de guerra.

Mas, quem é o culpado? Porque não conseguimos mudar essa realidade? Hoje, na luta pela paz e contra a guerra, eu acredito que a fé seja o foco ou pelo menos um bom começo. Nunca devemos desistir de lutar pela paz, pelo bem. Enquanto vermos forças seremos guerreiros da Favela e por ela somos capazes de vencer todas os desafios. Removeremos as pedras nos nossos caminhos, ou o que vier, porque temos certeza de uma coisa: essa guerra não é nossa.

Deixo um pensamento de Mahatma Gandh para nossa reflexão: “O que destrói a humanidade: a Polícia, sem princípios; o Prazer, sem compromisso; a Riqueza, sem trabalho; a Sabedoria, sem caráter; os negócios, sem moral; a Ciência, sem humanidade; a Oração, sem caridade.”

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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