De acordo com o último boletim “Pele Alvo: a bala não erra o negro” da Rede de Observatórios, agentes de segurança do Rio de Janeiro estão envolvidos na morte de 1.042 pessoas negras em 2022, representando 86,98% dos casos com informações completas de cor e raça. Esses dados situam o estado como o segundo com o maior número de vítimas fatais devido à letalidade policial entre as regiões monitoradas.
Apesar do aumento geral no número de mortes no Rio de Janeiro, que subiu de 1.214 para 1.330 de 2021 para 2022, houve uma mudança na classificação do estado. Ele passou da primeira para a segunda posição no ranking das unidades federativas com o maior número de mortes por intervenção policial. Essa alteração ocorreu devido ao crescimento da violência na Bahia, que agora lidera entre as oito regiões analisadas.
Infelizmente, exemplos de casos não faltam nas comunidades do Rio de Janeiro. Kathlen Romeu, Agatha Félix e o caso mais recente, Thiago Flausino, foram mortas em decorrencia de interveções policiais nas favelas.
Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios fez uma análise sobre o estudo. “O fato de 87% dos mortos em decorrência de intervenção do Estado serem negros é uma espécie de autoexplicação de uma realidade que se impõe às favelas e periferias e reafirma que no coração das políticas de confronto está assentado um racismo secular, profundo e determinado. Os números do Rio expressam uma política pública de segurança que só piora ano após ano. Não existem resultados efetivos do ponto de vista de segurança e seguem exterminando jovens negros”, afirma.