Desde que começou a ser usado como meio de acesso ao ensino superior, o Exame Nacional do Ensino Médio, o famoso ENEM, passou por uma série de problemas. 7 anos depois, a situação não melhorou muito.
A partir de 2009, o Exame, que antigamente era usado apenas para avaliar a situação da educação de nível médio no país, passou a ser usado também como prova de vestibular, para dar acesso a universidades públicas -e até a algumas particulares- Brasil afora. O que parecia ser uma ideia brilhante (unificar a seleção para o ensino público superior no país por meio de uma única prova), tornou-se um pesadelo para alunos, professores e para o próprio governo federal.
Já em 2009, as provas do Exame foram fraudadas e caíram nas mãos da imprensa antes do dia de sua aplicação; como resultado, o processo precisou ser adiado. Na edição de 2010, além de verificados alguns erros em certas questões, ficou comprovado que alunos tiveram acesso ao tema da redação antes da data da prova. Entre falhas de segurança, congestionamento do site de inscrição e muitas ações judiciais, os problemas seguiram ainda maiores no ENEM 2016.
Esse ano, devido à ocupação de algumas escolas designadas como locais de prova, alguns estudantes realizarão a prova cerca de um mês depois dos demais, o que caracteriza uma falha importante de isonomia: além de realizarem uma prova diferente (a entidade responsável, no entanto, alega que as questões teriam o mesmo nível de dificuldade), esses alunos terão mais 30 preciosos dia de preparação que os demais. O problema maior, porém, foi que, mais uma vez, tema da redação, cadernos de questões e gabaritos da prova foram fornecidos a alguns alunos antes do exame. Num grande esquema noticiado pela mídia nacional, estudantes dispostos a pagar dezenas de milhares de reais receberam todas essas informações privilegiadas.
O grande desafio para o sucesso do ENEM é, claramente, a barreira logística que existe para realizar, com eficiência e segurança, uma prova de nível nacional com milhões de inscritos -só esse ano, foram 9,2 milhões. Por tratar-se de um concurso público da importância que tem um exame de vestibular, as falhas de segurança e de transparência no processo não podem mais ser toleradas, e colocam em questão itens como lisura e honestidade no processo seletivo.
Após 7 anos de problemas usando o ENEM como prova de vestibular, está na hora de devolver os processos seletivos para as Universidades: cada uma se responsabiliza pela própria prova de vestibular, como era antes. Somente dessa forma é que parece ser possível realizar um processo seletivo justo, seguro e honesto, sem insegurança e sem provas adiadas ou anuladas. É hora do Governo Federal seguir adiante e abrir mão da seleção nacional unificada (pelo menos até ter totais condições de realizar uma prova bem sucedida). Enquanto isso, o ENEM deve voltar a ser o que era antes: uma forma de avaliação do Ensino Médio no Brasil.