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De Quadra da Canitar a Espaço Cultural Canitar Alemão

Todas as comunidades do Rio de Janeiro sofrem com a ausência de muitas coisas, entre elas, recursos para promover sua cultura. Apesar da cultura da favela ser única, muitas vezes nos encontramos com escassez de espaço apropriado, de financiamento e outros recursos. Felizmente, nos sobra força de vontade, garra e amor pelo local onde vivemos e vontade de disseminar a cultura, acreditando que ela pode estimular melhorias.

Na rua Canitar, Complexo do Alemão, existe um espaço conhecido como “Quadra da Canitar”. Com aproximadamente 50 metros de comprimento, ficou abandonada após a ocupação e foi se deteriorando. Ao assumir a presidência da Associação de Moradores da Grota, Marquinhos Balão decidiu que mudaria a história daquele local. Uma grande reforma foi feita pela empresa TopField em parceria com a associação de moradores, mas a quadra, apesar de pronta, não obteve a liberação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

“A quadra está pronta há mais de 7 meses. Quase todas as liberações necessárias já temos, exceto a da UPP Alemão. A comunidade tem um espaço e não utiliza. Está sendo prejudicada. Só alegam falta de segurança, mas a comunidade não pode pagar por isso”, contou Marquinhos.

Ao ser questionado sobre o que a quadra irá oferecer, ele foi categórico: “A quadra está aqui para a comunidade. Teremos futebol infantil, cursos, judô, karatê, capoeira, reforço escolar, teatro. Temos um palco imenso! Tem espaço para fazer um postinho médico, todos sabem que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) está sobrecarregada. Não temos um clínico geral, não temos cardiologista, não temos ginecologista. Se pudermos fazer aqui dentro, agrega tudo”.

Marquinhos continua compartilhando seus planos: “Tudo o que pretendo fazer, quero que seja voltado para o social. Se tem polícia, a quadra tem que funcionar. A falta de segurança não é o movo. Se a quadra for liberada, temos a obrigação de passar para a comunidade que a paz tem que ser estabelecida ali. Quando proíbem os eventos, a comunidade adoece. Se você não pode se divertir onde mora, vai se divertir aonde? Acredito que os moradores podem ajudar, fazer um apelo as UPP’s. Isso vai ser um passo para a paz. Eu vejo a cultura vindo e mudando a cabeça dos jovens e foi por isso que eu mudei o nome da quadra. Agora somos ‘Espaço Cultural Canitar Alemão’. Peço que os governantes olhem melhor para o Complexo do Alemão e para nossa quadra. Resgataremos muitas vidas. Só queremos paz.”

Entramos em contato com Vanessa, assessora de comunicação da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, que nos informou que a UPP Alemão e o capitão da mesma, o Capitão Lima Ramos, não foram procurados para a liberação. Acompanharemos o caso.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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