Cria da Maré e militante dos Direitos Humanos, Renata é hoje a voz de muitos na Câmara dos Deputados
A luta por igualdade e pelas minorias sempre esteve presente na vida da carioca Renata da Silva Souza, cria da comunidade da Maré, na Zona Norte do Rio, Renata sempre viu no seu dia a dia a realidade de ter que lutar pelo espaço de tantas vozes que eram sufocadas na sociedade.
Ao longo de toda sua trajetória, Renata, que desde muito jovem tinha a luta em suas veias, sentiu ainda mais na pele quando o filho de suas ex-cunhada de apenas 03 anos foi assassinado. Toda militância e luta pela vida que já faziam parte do cotidiano de Renata, ganhou ainda mais força e necessidade de seguir adiante.
‘O luto transformado em luta é uma constante para nós que vivemos em favelas e periferias. E não foi diferente na minha vida, já que a sucessão de casos igualmente brutais não me deixou descansar’, conta Renata.
Comunicadora por vocação, Renata conseguiu bolsa na PUC-Rio e lá se formou, trazendo assim ainda mais conhecimento para todo seu trabalho na comunicação comunitária. Sempre atenta a comunicação popular, a jornalista trabalhou por mais de 15 anos em diversas comunidades do Rio com o intuito de levar a luta pela vida como pauta na comunicação comunitária. Além disso, a universidade também se tornou um local de luta por espaço e respeito no caminho dessa guerreira da Maré.
‘A universidade também é uma das minhas trincheiras de luta. Sendo uma mulher, negra, feminista, favelada e intelectual, ultrapassar o machismo, racismo e classismo exigiu reconhecimento de minha condição na sociedade. Por isso, percebi que estar dentro de um espaço de construção e compartilhamento de conhecimento deve servir para a transformação social. Busquei unir militância, reflexão teórica e responsabilidade social ao defender a tese de doutorado na UFRJ, em 2017, cujo o título não deixa dúvidas: “O Comum e Rua: Resistência da Juventude Frente à Militarização da Vida na Maré”, disse ela.
Com tanta luta em seu cotidiano, Renata, que foi chefe de gabinete da saudosa Marielle Franco, de quem era amiga e companheira de militância desde os anos 2000, faz questão de sempre lembrar a importância de não se calar diante a militarização do cotidiano, que acabam tirando tantas vidas nas comunidades. E, mesmo em meio a dor da perda de Marielle que foi morta ao lado do motorista Anderson, de uma forma brutal em março de 2018, Renata não se calou e segue na militância pelos direitos humanos e pela luta de dignidade para os moradores das comunidades.
Com tanta necessidade de não deixar a luta acabar, Renata, seguiu firme na luta e inspirada em tudo que viveu ao lado de Marielle, se candidatou a Deputada Estadual em 2018, e aos 36 anos, foi eleita com mais de 63 mil votos e segue sendo a voz de tantos que tem sua fala calada diante da cegueira daqueles que não enxergam a comunidade como um local de tantas vidas trabalhadoras.
‘Se a luta contra as desigualdades custou a vida da Mari, será através dessa mesma luta que nos tornaremos muitas. Muitas pelo sorriso dela, pelas gargalhadas, pelas unhas pintadas de cores diferentes, por sua coroa que iluminava quem estava a sua volta. Mas muitas, muitas, pela diversidade e pela coragem de lutar contra o extermínio da população negra, pobre, favelada e periférica, por uma sociedade mais justa e inclusiva. Uma sobe e puxa a outra, como bem nos ensinou Marielle.’, revela Renata