Cria do Complexo do Alemão, bailarino Luís Fernando é aprovado na Dance Theatre of Harlem, em New York

Luis é fruto do projeto ViDançar, que atua no Complexo do Alemão há mais de 10 anos
Bailarino Luís Fernando Rego. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Do CPX para o mundo! O grande salto do bailarino! Luís Fernando Rego, tem 23 anos, é nascido e foi criado no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, numa família com oito irmãos e pouquíssimo estudo. O bailarino, todo articulado, acabou de ingressar na Dance Theatre of Harlem, em New York mesma companhia de dança da Ingrid Silva, ativista e bailarina renomada. Cria do ViDançar, projeto social no Complexo do Alemão, Luís conta que estava passando uns dias em Nova York, em 2023, quando soube por um amigo que a cia Theatre of Harlem estava com edital aberto.

O artista já participou da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, localizada em Santa Catarina. E depois saltou em novos lugares mais altos, consolidando sua carreira no prestigiado Tivoli Ballet Theatre, em Copenhagen, na Dinamarca. “Lembro que eu estava muito feliz por estar ali e, também, muito confiante do meu talento”, recorda o bailarino. Feito o teste, Luís seguiu para cumprir as apresentações internacionais pela Europa.

Conheça sua trajetória

Tudo começou quando ele Luís tinha seus 14 anos, enquanto levava a irmã mais nova para as aulas do ViDançar, no Complexo do Alemão. Ele fzia aulas teóricas de surfe no mesmo prédio, mas foi visto pela fundadora e CEO do projeto social, Ellen Serra, imitando os passos das alunas. “Ele tinha vergonha de pedir aos pais para fazer balé e dizia que era para ajudar a se equilibrar na prancha”, recorda-se ela.

Ao mesmo passo, ele também construiu a amizade com Ingrid. Eles se conheceram numa palestra dela na Escola de Dança Maria Olenewa, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro. Luís estava com 15 anos e inseguro sobre o seu futuro. “Passava pela minha cabeça desistir do balé. Ao ouvir as palavras de Ingrid, fiquei novamente estimulado, sonhando com aquela companhia em Nova York repleta de bailarinos negros”, conta empolgado. Ingrid Silva devolve o elogio. “Luís sempre foi um bailarino muito talentoso e chamou-me muito a atenção assim que nos conhecemos. Tem uma história lindíssima que é muito parecida com a minha. Fico muito feliz por tê-lo conhecido lá atrás, e hoje em dia ele estar dançando comigo”. Ingrid comemora o sucesso do amigo e vê-lo ao seu lado também remete às lembranças dos seus primeiros passos na dança. “Venho de um projeto social muito parecido com o ViDançar, no qual potencializamos essas histórias periféricas e oferecemos oportunidades”.

Luís disse que ainda sonha em documentar sua vida em filmes e livros, planeja se casar em breve com o noivo Marek Prachař, 31 anos, que trabalha na indústria farmacêutica em Copenhagen e busca novas oportunidades em New York, nos Estados Unidos.

O Vidançar começou suas atividades, em 2010, no Complexo do Alemão, com uma turma de balé com 14 meninas. Hoje, atende também em Duque de Caxias e mais de 400 pessoas e, além das aulas de balé, breaking e jazz, o projeto oferece oficinas de reforço escolar (português e matemática), inglês, espanhol, audiovisual e xadrez. Há também a Rede de Mulheres Vidançar, que realiza rodas de conversas e oficinas de costura.

Desde 2013, o Vidançar prepara seus alunos para audições de escolas profissionalizantes de dança e já inseriu cerca de 50 alunos na Escola Bolshoi, EEDMO Theatro Municipal, Petite Danse, Deborah Colker, Escola de Dança Alice Arja e Conservatório Brasileiro de Dança. Desde 2022, o projeto recebe o patrocínio da Petrobras/Programa Socioambiental e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec/RJ), pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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