Enquanto se prepara para mais um dia na sua jornada de trabalho, o assalariado assiste pela tv as mais novas informações sobre as demais operações que movimentam o noticiário.
Mastigando não apenas o seu modesto café da manhã limitado pelo seu orçamento mas também todas as manchetes anunciadas no jornal que se complementam de forma negativa reafirmando alto número de desempregados e a queda do PIB, que o brasileiro aprendeu através dessa difusão midiática ser um termômetro para a economia.
Antes de sair de casa deve ainda rever o que tem para pagar pois sabe bem, com início de mês as obrigações batem a porta literalmente e entre os milhões desviados anunciados em delações tenta juntar seus trocados para sobreviver, pagar, contribuir e aceitar.
Seu tempo, corroído pelo serviço que lhe garante o mínimo deixa o atento as reformas trabalhistas onde um especialista tira as dúvidas no rádio que se coloca a dizer que com elas “flexibilizaria” o mercado de trabalho promovendo uma melhor relação com o empregador. Tudo muito explicado para fazer com que o cidadão entenda brevemente sem precisar tomar muito tempo, pois quem se importa com letra miúda quando se tem um resumão espalhado pelas ondas de rádio, tv e internet?
Quando abre a rede social no tempo vago ou de trabalho se depara mais uma vez com diversas notícias, algumas de veracidade duvidosa e outras mais robustas e persuasivas em textos pela social de Zuckerberg, fomentada por discussões e poucas ações é o celeiro de ideias, pensamentos e opiniões das mais diversas linhas.
No meio disso tudo a construção de uma opinião baseada no que realmente vai de encontro do individuo fica fragmentada onde parcela toma opiniões e polvorosamente se posicionam outras se abatem e tomam receio dos demais assuntos, indiferentes as causas e a democracia. Nada mais o incentiva a debate e as frases “É tudo ladrão.” “Sempre foi assim.” Se tornam corriqueiras e trazem a face da descrença.
No caminho para o emprego já não enxerga mais as pessoas, o transporte que utiliza ou o clima, cumprir a jornada e voltar pra casa passa a ser a sua súplica. Observa os diversos grupos de discussão e já decreta que aquilo não vai dar em nada, deixa de ser o agente de mudança na sociedade e passa a corresponder o cinza das pichações apagadas.
Nas comunidades as luzes da esperança vão se enfraquecendo, seus líderes e pessoas comprometidas se vêem no abatimento para trazer os indiferentes tornarem a brilhar e iluminar os caminhos de uma nova geração, incentivando o que sempre foi marca nos bairros e periferias no Brasil, a alegria de ser quem é e saber o que quer.