O ano era 2005 e os grandes portais de mídia e emissoras de televisão não viam o cenário das comunidades do Rio de Janeiro como um locais que promovessem cultura, arte ou entretenimento. Sem contar os problemas de infraestrutura que os moradores das favelas enfrentavam, esgoto a céu aberto ou um poste inclinado), e que passava longe dos olhos das mídias tradicionais.
Foi observando estes e outros problemas que Renê Silva, aos 11 anos, fundou o jornal A Voz da Comunidade, que tratava das dificuldades de infraestrutura, devido ao abandono do poder público, que moradores do Morro do Adeus tinham que lidar. Quando começou, o jornal era feito em uma folha de ofício A4, com cópias que eram impressas em máquinas Xerox e depois distribuídas no próprio Morro do Adeus. Hoje, o Voz das Comunidades atua com um Portal (site), trabalhava com reportagens impressas até meados de junho deste ano, além de um aplicativo próprio, que abre mais um leque de opções para o morador. O aplicativo Voz das Comunidades, disponível nas lojas de aplicativos, conta não só com pesquisas, como também concursos, atalhos para aqueles que desejam entrar em contato com o jornal e saber as notícias que fazem parte do cotidiano dos favelados.
17 anos de história de favelas
“Chegar aos 17 anos é um marco muito importante e muito significativo”, retrata Rene Silva. “É um motivo de muita alegria, vitória e conquistas. Sem deixar de olhar para o passado, olho para o futuro e vejo que a gente tem ainda muita missão a cumprir”.
Ao longo destes 17 anos, o Voz das Comunidades promoveu eventos e fez parte de projetos que atuam até hoje pelo cultivo de arte e conhecimento dentro da favela. Muitas destas ações foram organizadas pela equipe de Responsabilidade Social depois que passou a ser uma Organização Não Governamental (ONG) dentro da comunidade.
Coordenando a equipe fixa e sempre contando com a ajuda de voluntários, Geisa Pires destaca. “É de extrema importância estar participando desses 17 anos de Voz de Comunidade. Fico muito feliz e muito grata por integrar essa equipe que faz com que a instituição venha crescer cada vez mais.”
Geisa valoriza o enfoque dado pelo jornal comunitário aos moradores e também sobre o papel social que a ONG desempenha dentro desses territórios. “É um jornal que mostra realmente que as comunidades não são o que a grande mídia passa. Favela não é só confronto e guerras. O Voz mostra que existem moradores extraordinários e pessoas com futuros extraordinários, Esse é o papel do Voz das Comunidades: mostrar realmente quem nós somos. E não esquecendo também, principalmente, da nossa equipe de voluntários que está com a gente nas nossas ações do ano. Batemos um recorde da campanha Páscoa nas Comunidades e isso graças a esses voluntários, que acordam cedo, que vem aqui pra Casa Voz para ajudar nestas ações. Se não fossem os nossos voluntários, eu acho que a gente não seria nada.”
Se tratando de experiências de coberturas de grandes eventos, o Voz das Comunidades está sempre de olho no calendário e já colecionou experiências, como Carnaval do Rio de Janeiro (Sapucaí e Intendente Magalhães) e agora vai cobrir o Palco Favela no Rock in Rio. Esses e outras iniciativas podem ser acompanhadas no site, redes sociais e também no próprio app do Voz, na palma da mão. Tudo para deixar os moradores do Rio de Janeiro sempre bem informados sobre o que acontece dentro e fora das favelas.