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Autora do livro “Favela” para o Voz da Comunidade

Dílvia Ludvichak, autora do livro “Favela” conversou com o Voz da Comunidade. Confira a entrevista, na íntegra.

Você quis vivenciar a Favela?

“Na verdade era o meu desejo secreto. Eu penso que teria sido a experiência ideal.

Quando temos a oportunidade de imergir no contexto sobre o qual queremos falar, no caso escrever, ganhamos, em verdade, em experiência, e esse resultado, de alguma forma, em algum momento, produzirá eco, na vida de outros, por que quando algo é fruto de experiência, já vem pré-disposto a fecundar.”

Enxerga a favela da mesma forma que descreveu?

“Enxergo um espaço onde tudo acontece da forma mais realista possível, e eu escrevi, de forma realista. Não floreei, não pintei de cor-de-rosa, apenas falei de vida, e o fiz com olhos e ouvidos de poesia, sem preconceito. Esse jeito de ver a vida faz parte do que eu acredito, o cotidiano faz poesia, e vice-versa.”

Qual importância a favela tem na sociedade, para você?

“Se penso na literatura, e, sobretudo na poesia, não consigo ter esse “olhar geográfico”, classificatório, quase utilitarista, sobre qualquer coisa.

Eu prefiro ver a importância que está nas pessoas que fazem a favela ser, na vida que acontece ali. Da mesma forma que seria se eu estivesse falando do ambiente rural.”

 Quais as principais diferenças entre a criação das crianças na favela e fora dela?

“Meu olhar, de quem não nasceu e nem foi criada na favela, é de que criança é criança em todo o lugar.

Talvez, eu possa arriscar em dizer que meninos e meninas de favela, desenvolvem um senso de realidade e de responsabilidade, bem cedo. Mas de um modo geral, penso que, são só crianças, e esta qualidade maravilhosa, de ser criança, confere a elas, olhos e ouvidos de “tamanhos desproporcionais ao resto do corpo”, aprendendo o tempo todo, o bem, e infelizmente o mal, também, e farão escolhas, e serão sujeitos capazes de transformar o ambiente onde vivem. Assim são as crianças daqui e dali, de todo o lugar.”

O que a impulsionou a escrever o livro?

“Foi o encantamento que vi nos olhos do Pepeu, personagem principal do livro.

Ele me falou das coisas da favela, com um tanto de saudade e de alegria, que me fez desejar experimentar isso, falar disso, ser um pouco, uma criança de favela.”

Como vê o preconceito que qualquer morador de favela sofre?

” Assim como qualquer outro, e tantos são os preconceitos, vejo de forma rasa, pobre. O que difere sempre tem algo a ensinar.”

 Fale um pouco de você, da sua inspiração para o livro e do mesmo.

“Há alguns anos tenho feito o exercício de colocar no papel as coisas que não sei dizer. Tenho aprendido que escrever é derramar-se um pouco, sem medos, sem aflições.

Cada vez que ouço uma criança falar de algo que percebeu nos livros que escrevi, fico encantada, e envergonhada, também, por não ter pensado nisso, por minha própria conta. Isso é fascinante. Eu escrevi, mas o que eu escrevi não me pertence. Quer gesto de renúncia, maior?

Eu olho para os livros, sempre buscando algo que esteja sendo dito, sem ser dito. A poesia que passeia e costura vida e texto, vida e história é o que me atrai.

O FAVELA é uma espécie de saudade de algo que pessoalmente não vivi, mas que ecoa dentro de mim.

Esta experiência, é como essas coisas boas que só de nos falarem, nos enchem a boca e o coração.”

“FAVELA – MENINA MAGRELA

FAVELA… DO MUNDO A JANELA.

PINTURA EM TELA.

FAVELA … SAUDADE DELA.

FAVELA BELA

QUE FOI … QUE ERA.

FAVELA… VELA… ELA

FAVELA”.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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