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A responsabilidade é da Samarco. A culpa, todavia, é de todos

No último final de semana, centenas de fotos bombardearam a internet. Finalmente, a tragédia de Mariana-MG alcançava o oceano. Os moradores da vila de Regência-ES – paraíso da fauna e também do surf capixaba – registraram tudo. As imagens estampam o azul do oceano sendo invadido pela turva lama de rejeitos; homem tomando lugar da natureza.

A Samarco é responsável pelos danos? Obviamente. Assumiu os riscos quando decidiu ganhar dinheiro como mineradora – em 2014, foram 2,8 bilhões. Mas sejamos maduros: a culpa é de todos nós. O Rio Doce já vinha sendo assassinado antes da ruptura da barragem e agonizava graças ao assoreamento que sofrera ao longo dos anos.

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A Samarco foi a 1ª mineradora do mundo a ter a certificação ISO 14001 e é líder em responsabilidade ambiental. A questão é que os padrões de sustentabilidade reconhecidos mundialmente não são minimamente suficientes para o zelo que requer o meio ambiente. A pressão por produção é sempre maior do que o seguro. Desenvolvimento justifica exploração desequilibrada, e isso no mundo inteiro.

E sabe o que motiva tudo isso? A sociedade de consumo. Aqueles metais acabam, justamente, nos carros caros, nas malas das grifes chiques, naquele celular última geração que todo mundo quer! Os altos preços no Brasil, ao contrário do que se pensa, se dão por uma razão cultural: as pessoas não só aceitam pagar mais, elas querem o preço alto pra se diferenciar.

Ser rico não é pecado! Entretanto, quando o limite da sensatez é excedido na compra, o exagero da exploração é legitimado. Derrogar a culpa pra Samarco é uma forma fácil de não assumir a parte que todos temos. O desafio que nos surge, enquanto humanos, é pensar uma nova consciência executiva mais preocupada com o mal que deixamos no mundo e menos com as futilidades que ostentamos.

Escrito por: Arthur Macedo

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Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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