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A minha casa é o mundo, mas ela já teve um cômodo só

Não existem barreiras na nossa cidade.Que tipo de barreiras? As concretas.Não existem muros de Berlim por ai, não existem paredões.Sim, isso não…Mas por que a minha cidade não é a cidade dele?Porque apesar de não existir barreiras concretas, ainda existem barreiras imaginárias.

Nasci no Gama, uma cidade satélite de Brasília, uma periferia, mas a gente costuma chamar de ‘Cidade Satélite’. Eu cresci com a minha vida naquele mundo, meus amigos, a escola, a família, a igreja tudo se concentrava ali.Eu quase nunca ia ao plano piloto (a zona sul da minha cidade). Mas ele estava ali, no lugar de sempre, de certa forma acessível, mas eu não sabia disso.

Até que os anos passaram, eu passei de ano e fui cursar a oitava série num colégio na Asa Sul, depois foi o ensino médio, a faculdade, não sai mais de lá.

Aos poucos aquele meu ‘mundo – mundinho’ foi se abrindo e depois da aula eu não ia mais para casa… Eu ia para o inglês, ia para o teatro, ia pro cinema, ia para protestos na esplanada, palestras na UNB (sem nunca ter estudado lá.)
E minha casa que era somente o Gama virou Brasília inteira, foi para o Rio e se tornou o mundo.


A cidade do Rio de Janeiro pode não está partida geograficamente, mas no imaginário das pessoas ela ainda está. A forma com que cada indivíduo se relaciona com essa cidade e se sente parte dela é singular.
Além de singular é histórica e tem haver com anos e anos de segregação social, desigualdade, preconceito e com a tirania do Estado ou quem sabe do sistema?Que cria grupos e une pessoas não pelo amor ou pela amizade, e sim pelas posses, poder aquisitivo e prestígio social.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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