Hoje escolhi três amigos para dizer o quão solitário me sentia, esperando ouvir de um uma consolação. E deles vieram a mesma reclamação. Os últimos vinte amigos que fiz beberam nos últimos vinte dias, falavam vinte vezes mais alto um que o outro sobre vinte coisas que fizeram quando nos reuníamos. Os últimos vinte amigos que fiz nunca estavam sóbrios quando estavam alegres, será que são meus amigos sem um copo na mão? Alegres sem um copo na mão? Será que não? Ou é só impressão? Por que precisamos de entorpecentes, drogas, litros de cerveja para sermos notados, aceitos, engraçados, paquerados? Hoje em dia parece que amizade tem estação de moda… E estamos na estação do álcool. Pena que a estação de sermos apenas nós mesmos está tão ultrapassada e fora de moda. Fora de moda para as garotas da boate, do barzinho perto de casa, fora de moda para os seus veteranos de faculdade, fora de moda para toda a sociedade. A moda agora é não ser quem você realmente é de verdade…
Imagino que se eu pudesse questionar o coração de cada bêbado a procura do por que de sua embriaguez perante os seus amigos embriagados, tal coração diria: É por que não me sinto legal sendo quem sou sem beber de um bocado. Eu terminaria dizendo, sinto muito, coitado, mal sabe que é por causa disso que apesar de ser tão notado, você é e sempre será solitário, pois amigo algum que neste estado se encontre sempre que ri contigo abraçado, é de fato solidário quando não está embriagado… Por quê? Por que chegamos a este ponto? A que ponto chegarão nossos filhos? O ser humano se encontra quase cego, com uma enorme e crescente catarata perante seus olhos, alimentada por um mercado, por uma mídia, por um tipo de governo, que nos querem ver limitados como os sentidos de um bêbado trocando passos…
Eu penso que é por isso que quase não existem amigos hoje em dia, que muitas pessoas se sentem solitárias apesar de rodeadas, mas não adianta eu apontar a doença sem apontar a cura para ela, mas para esta, esta doença social, talvez fatal, eu não sei a cura, e nem mesmo se há uma… Mas sei que quando algo não tem cura, a natureza sabe muito bem como proceder… Antes esta cura que a cura do câncer, que a cura da Aids, por que é deste hábito que se passou a ter fortemente hoje em dia, desta moda de embriaguez anti-timidez , que daqui a alguns anos as doenças do corpo serão perto das doenças da mente, aquilo que a gripe é perto do câncer. E quando a estação do álcool ficar fora de moda, entrará em moda a estação da depressão… E ela já está fazendo sucesso nas vitrines dos bares, cativando muitos olhares, principalmente dos jovens que se embriagam por causa de olhares…
Sobre o autor:
Me chamo João Pedro Dornelles Claret, tenho 21 anos e sou estudante de Direito da Universidade Federal do Tocantins, fundador da Web-page Brasil Intelecto que reúne um grupo de jovens de destaque no intuito de difundir conhecimento e cultura. Além de músico, também sou poeta com minha obra ¨Etapas do Viver¨ prestes a ser publicada.