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A cidade chega na favela

Complexo do Alemão

Lixo na Central

Na maioria das vezes que eu ando de teleférico, sempre escuto comentários do tipo: “Nossa o desenvolvimento chegou na favela” ou “Como a favela mudou” … A maioria dos comentários feito por pessoas de fora, geralmente turístas que estão no Complexo do Alemão pela primeira vez para andar de teleférico. Não dá para negar que o teleférico teve seus benefícios, principalmente a vizibilidade e o turismo que a favela recebeu depois dele. Porém nem de longe o teleférico era ou é a principal demanda da comunidade.

Numa simples andada pela favela já é possível perceber que por toda a parte existe esgoto aberto, entupido, borbulhando, montanhas de lixo, falta de pavimentação, obras inacabadas do Pac. Pista sem buracos e sem esgoto aberto você só encontra mesmo lá na pista, na cidade ou ao redor do teleférico onde os turistas descem. Parece que os olhares dos políticos não passaram de fato pela favela; o Estado apenas maquiou o que é mais visto lá fora, para depois falar que a favela tem tido o direito a cidade. Mas será que realmente a favela tem direito aos serviços básicos que a cidade tem? Será que as ruas daqui são iguais as ruas da zona sul?

Vai ano e passa ano e a questão do lixo é algo que não se resolve. “Há montanhas de lixos em vários pontos da comunidade e a coleta quando passa chega com caminhões pequenos pega um pouco do lixo e sempre deixa a outra parte aqui, como se o lixo fizesse parte do patrimônio histórico do lugar”, conta Helcimar Lopes, morador da Rua Sebastião de Carvalho. Helcimar chegou á fazer uma campanha nas redes sociais sobre o Natal sem lixo, mas acabou não dando em nada, já que a Comlurb não veio buscar a montanha de lixo no Largo da Bulufa em frente a igreja São Joaquim Santana até hoje.

Na Baiana o problema é a falta de água e esgotos entupidos. Cinco famílias, mesmo pagando a conta de água, estão sem água há quase um mês. Duas dessas famílias possui esgotos estupidos e jorrando por tudo que é lugar no próprio quintal de suas casas. As famílias já ligaram para os responsáveis, ja acionaram a Cedae e nada. Nada se resolve, até o jornal extra o morador chamou, mas eles não vieram. Afinal esse não é o tipo de pauta que a grande mídia está acostumada a fazer. “Existi vários esgostos derramando por toda a rua. Hoje só não tem mais porque a água acabou já faz um mês”, explica Nilda Andrade, 22 anos, moradora da Baiana.

Eu poderia estar apenas falando de uma parte… do Adeus ou da Baiana. Mas a situação é grave e não está em apenas uma parte da favela. A favela toda está fora da cidade e ninguém faz nada!

Por: Thamyra Thâmara

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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