Era terça-feira, 20 de junho, às 16:50, dez minutos antes do horário previsto, em frente ao portão envolto por uma fita vermelha, crianças gritavam: “abre, abre, abre…”. A empolgação era enorme. A ansiedade tinha um porquê: a Praça da BCL, no Vidigal, estava sendo inaugurada.
Essa foi uma iniciativa do Cidades Invisíveis. O projeto vem revitalizando áreas em diversas favelas nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Segundo a curadora artística, Tuane, mais outros dois espaços no Vidigal passarão por revitalização nos próximos meses.
“Cidades Invisíveis tem dois pilares sociais: geração de oportunidades a partir da educação e a ressignificação de espaços urbanos através da arte e da sustentabilidade. Identificamos espaços públicos abandonados em favelas, buscamos patrocinadores, reunimos artistas e recuperamos o lugar. Foi o que aconteceu aqui na BCL, uma área capaz de trazer dignidade e pertencimento às crianças”, ressaltou Samuel, fundador do Cidade Invisíveis.
Há uma curiosidade sobre a sigla que dá nome à área: é uma referência ao grupo guerrilheiro peruano “Sendero Luminoso”. Formado por intelectuais na década de 1960, o grupo desejava acabar com as instituições burguesas peruanas. Por volta da década de 1990, jovens vidigalenses deram o nome desse grupo comunista ao bonde daquela área. Por conta da confusão na ortografia, a sigla ficou “BCL”.
Em português, o nome desse grupo peruano significa “Caminho Iluminado”. Tudo a ver com o resultado da revitalização da área: uma pracinha infantil rodeada de grafites de cores vibrantes que iluminam as fachadas das casas.