Transformadores e fios soltos causam dor de cabeça aos moradores do Beco da Sabino

Dispositivos instalados há cinco anos nunca foram usados e moradores buscam soluções alternativas
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

As fortes ondas de calor no Rio de Janeiro que marcaram o final do verão trazem à tona uma urgência nas favelas. O acesso adequado à eletricidade. Principalmente pela falta de árvores que praticamente obrigam os moradores a estarem com ventiladores e aparelhos de ar-condicionado ligados por mais tempo. Na região do Beco do Sabino, localizado na Grota, aqui no CPX do Alemão, os moradores reclamam dos transformadores de energia que foram instalados há cerca de cinco anos pela companhia de luz Light e nunca foram usados. Para garantir o acesso à eletricidade, é preciso encontrar meios alternativos, caso contrário fica insustentável, segundo eles, lidar com o calor com sensação térmica de 62°. Os moradores apoiam uma solução que beneficie os dois lados: a concessionária de luz e eles.

“A gente pagaria uma taxa mínima mas pelo menos teria um conforto” afirma o Manoel Nunes de 60 anos, morador da região há cinquenta anos. Ele mostra os cinco transformadores que foram deixados sem nenhuma finalidade, um deles inclusive já está danificado. Outro problema apontado pelo morador é a fiação. Por não terem sido colocados adequadamente, os fios estão expostos e no nível de alcance de quem passa, possibilitando risco de acidentes. Os fios clandestinos são puxados da parte baixa da Grota que dá acesso ao morro, consequência causada pela falta do serviço adequado na região. “Nunca foi usado isso aí, botaram só de enfeite, foi um gasto para a Light inútil né?”, afirma. 

 Além dos transformadores sem uso, a escuridão no beco atrapalha a rotina dos moradores
Foto: Vilma Ribeiro / Voz das Comunidades

“Quando a pessoa chega do trabalho quer um sossego, aí já pensou estar dormindo e puf! se apaga tudo! Aí já era” reclama seu Carlos Alberto de Lima, de 61 anos, que tem um pequeno comércio no beco. Quando falta luz, não tem como abrir a loja. O calor tira o sossego dos moradores. Além da falta de energia elétrica adequada, outro problema visível em relação à rede elétrica é a falta de iluminação. Cada morador coloca na porta da sua casa uma lâmpada para iluminar a passagem. Entretanto, ainda é pouco para dar conta da extensão do caminho que muitas vezes tem desníveis. 

A pergunta que tanto seu Carlos quanto seu Manoel gostariam de saber é por qual motivo a Light colocou os transformadores mas não terminou o serviço. Entramos em contato com a companhia elétrica mas até o fechamento da matéria ainda não tivemos respostas. Não é a primeira vez que alertamos para a falta de assistência da companhia elétrica no CPX. Além das constantes quedas de luz e postes danificados, desta vez os próprios moradores pedem uma solução. Deixamos o canal aberto para um posicionamento da companhia, esperando que seja favorável aos pedidos dos moradores. Afinal, um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) diz respeito à garantia de energia limpa e acessível para todas as pessoas. Continuaremos acompanhando a situação do Beco do Sabino e outras regiões do CPX.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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