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Dentro dos impactos causados pela pandemia do Covid-19 no cotidiano de moradores de favelas do Rio de Janeiro, a vulnerabilidade social é um dos problemas mais vivenciados nos lares. Com o aumento nacional nos números de pessoas desempregadas, o coronavírus trouxe a incerteza em diversas áreas para as famílias desses territórios. Entre elas, a de estabilidade nas finanças e, consequentemente, o medo de não possuir um próximo momento de refeição.
Compreendendo essa incerteza na alimentação de milhares de moradores, a fundadora do Movimento Moleque e coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Mônica Cunha organizou, durante o período de 10 dias de medidas de restrições na cidade, a distribuição de “quentinhas” na favela do Cantagalo, Pavuna, Acari e nas ruas próximas dessas comunidades, atendendo desde famílias até trabalhadores de aplicativos que não possuíam dinheiro para refeições.
“A gente preparava as quentinhas lá na Tijuca e saía de carro com cerca de 150 unidades distribuindo pelas ruas. Uma comida boa, bem temperada e feita com atenção. Então, todas as tampinhas das quentinhas eram pintadas para promover essa interação de cuidado. Uma das sensações mais encantadoras que esse projeto colheu foi a oportunidade de olhar nos olhos dessas pessoas e lembrar a elas que cada um é um ser humano, que cada um é importante porque eles não estavam só com fome de comida, mas de afeto também, de Direitos Humanos de verdade”, explica Monica Cunha.
Ao lado de sua amiga Viviane Nicolau, que atua há 14 anos na Comissão de Direitos Humanos como assessora e faz parte da rede de doações Marias com Amor, Mônica destaca que essa movimentação de duas mulheres, uma negra e uma não-branca, consegue transformar a sociedade no melhor estilo Angela Davis: movendo estruturas com ações coletivas.
“Quando uma mulher negra se movimenta, ela movimenta toda a sua estrutura, né? Aqui foram duas mulheres, uma negra e uma não-branca, que se movimentaram e moveram toda uma estrutura ao seu redor durante 10 dias distribuindo quentinhas para esse pessoal. Agora, com os alimentos que sobraram, pretendemos realizar a distribuição de cestas básicas e entregar para as mães do Movimento Moleque e para uma creche que também ajuda 27 familiares no Vidigal”, revela.