O Complexo do Alemão é uma das 11 favelas contempladas com o Recicla Comunidade. Um projeto do programa Favela com Dignidade da Secretaria Especial de Ação Comunitária, com objetivo de gerar renda para os moradores e tirar lixos das ruas. Segundo a Seac, mais de 160 toneladas de recicláveis já foram recolhidas e levadas a um destino final adequado.
Há um ponto de coleta na Fazendinha, onde moradores levam materiais recicláveis para vender e, em troca, recebem um cartão com dinheiro creditado para gastar em comércios locais. Thais Cristina, de 32 anos, é agente do Recicla Comunidade e explica que no local é realizada a separação e pesagem dos materiais. Cada item tem um valor. Moradora da Fazendinha, a agente também faz a sua parte. “Eu trago os meus recicláveis. Antes eu não sabia, eu descartava coisas que hoje em dia eu faço a gasolina da minha moto, compro o pão dos meus filhos. É uma renda pra mim também. Eu virei uma catadora do próprio projeto que eu trabalho”, afirma.
O ponto de coleta funciona das 8h às 16h, de segunda a sexta-feira. Moradores de qualquer localidade do Alemão podem fazer parte. O cadastro é realizado mediante a primeira troca. No local, é informado quais são os materiais aceitos e seus respectivos valores. A agente também ensina como fazer a separação dos itens.
Moema do Carmo, de 68 anos, é catadora e uma das 154 pessoas cadastradas no Recicla Comunidade da Fazendinha.
A moradora afirma que o dinheiro que consegue na troca dos recicláveis ajuda no sustento da casa. “É bom demais! Está limpando a rua e ainda arrumando um dindin”, diz.
Os comerciantes também colaboram e são beneficiados. Ilma Maria da Conceição, de 72 anos, tem uma loja de salgados. Além de receber a moeda social no seu estabelecimento, separa os materiais para vender no projeto. “Eu vim na inauguração e logo comecei a participar. Tinha dias que eu não tinha dinheiro para comprar os ingredientes para fazer salgados, então eu vinha, vendia os recicláveis e comprava dentro da comunidade mesmo”, conta dona Ilma.
O presidente da Associação de Moradores, Paulo Marcos, de 38 anos, avalia o projeto como um divisor de águas dentro da favela. Isto porque, a iniciativa incentivou mais famílias a reciclar. “Muita gente que faz parte do projeto não reciclava. Hoje inúmeras pessoas reciclam seu material e trazem aqui para trocar pelo valor que eles vão gastar dentro da comunidade. Esse projeto automaticamente trouxe benefícios para a comunidade através da sustentabilidade”, ressalta, Paulo