A barbearia é uma carreira que carrega cultura e histórias, mas nem sempre oferece as mesmas oportunidades para todos. Foi pensando nisso que surgiu a Barbearia Inclusiva, no Complexo do Alemão, com o objetivo de inserir no mercado de trabalho pessoas que têm alguns obstáculos a mais, como o Wellington Rocha, de 28 anos, que é surdo. Nas duas primeiras semanas de abril, ele e seu professor Vinícius Silva, que é um dos fundadores, estarão em Orlando (FL), nos Estados Unidos, palestrando sobre a importância do projeto para outros barbeiros.
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Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
A primeira turma da Barbearia Inclusiva começou no ano passado e contou com 18 alunos. De acordo com Vinícius, que dos seus 35 anos, ele soma 20 de barbearia e o foco é incluir pessoas com deficiência, independente de qual seja, mas também mulheres, já que é um ambiente dominado por homens. “Nós contamos com intérpretes voluntários, já que a maioria dos alunos são surdos, mas sempre nos adaptamos a cada necessidade. A turma desse ano tem um rapaz que não tem um dos braços, por exemplo, e adaptamos as atividades para ele”, conta.
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Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
O projeto começou a ganhar espaço e notoriedade, inclusive um minidocumentário pela RioFilmes. E, com isso, veio o interesse em uma popular rede de barbearia estadunidense, cujo proprietário é brasileiro. “Fomos convidados para realizar um workshop durante duas semanas para a The Ultimate Cave, porque pelo que parece somos pioneiros nesse segmento. Não ouvimos falar de nenhum outro projeto de barbearia inclusiva no mundo”, ressalta. Sua meta é que a Barbearia Inclusiva se expanda cada vez mais, para vários lugares do Brasil e do mundo.
Quem mediou nossa entrevista com o Wellington foi a intérprete de libras Mariléa de Jesus, de 31 anos. Ela confessa se emocionar com o fato de um rapaz surdo estar se formando em uma profissão através das libras. “Aprendi que eles têm um potencial que ninguém acredita.”
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Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Wellington sempre sonhou em ser barbeiro, mas questionava como poderia ir atrás desse sonho. Ele, que também trabalha como feirante junto de seu pai, corta o cabelo da molecada gratuitamente às terças e quintas-feiras na sede do Bola de Ouro, na Nova Brasília. E agora ele tem clientes fiéis!
“Quando eu soube da Barbearia Inclusive me empolguei muito, senti que era a oportunidade perfeita. Me sinto feliz em me tornar instrutor e quero poder dar a mesma oportunidade para outras pessoas surdas”, compartilha Wellington, que declara estar ansioso em poder levar isso para fora do Brasil.
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Foto: Selma Souza / Voz das Comunidades
Para ele, o segredo para realizar seus sonhos é “experimentar e perder o medo”. Pergunto quanto ao medo de avião: “Vou saber na hora”, brinca.