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Projeto do Voz das Comunidades já distribuiu 50 mil quentinhas

Projeto desde maio dá assistência na alimentação de moradores em situação de vulnerabilidade e ao mesmo tempo gera empregos no Complexo do Alemão.

Há aproximadamente 2 meses o Voz das Comunidades criou o projeto Prato das Comunidades, que tem como objetivo auxiliar moradores neste momento delicado em que as periferias estão tão afetadas pela pandemia do novo coronavírus. O projeto alcançou nesta semana a marca de 50 mil quentinhas e, além de estar ajudando tantas famílias na alimentação, a iniciativa gera empregos para outros moradores.

O projeto é uma parceria entre o Voz das Comunidades e o Instituto Luciano Medeiros, que, nesse atual cenário, viram a necessidade de muitas famílias, que carecem de água, luz, gás, comida ou dinheiro suficiente para suprir essas necessidades básicas. Famílias que não têm como cozinhar e, pior, há momentos em que nem o que comer têm. Desta maneira, pensando nisso, foi criado o Prato das Comunidades, a fim de entregar refeições prontas para quem precisa e também gerar empregos na comunidade, como cozinheiros, funcionários e entregadores. As distribuições ocorrem por várias localidades do Complexo do Alemão e, às vezes, quando possível, é expandido para atender outras favelas da cidade.

A economia de luz, gás, água, comida e dinheiro, em tempos em que existem famílias sem nenhuma fonte de renda, faz uma enorme diferença, e moradores falam a respeito da importância do projeto. “Lá em casa, temos economizado bastante no gás, um botijão tá R$ 90. Como vamos comprar um gás? Conforme essa ajuda no almoço, eu consigo fazer a janta e com a economia destino o dinheiro para outras coisas da casa. Aqui moram sete pessoas e só meu marido trabalha. Tenho um filho que é deficiente. Eu não consegui auxílio emergencial, até agora tá lá em analise e nada”, contou Monalisa Gonçalves, de 44 anos, que trabalhava como diarista antes da pandemia, mas, em razão das medidas de isolamento, acabou não trabalhando mais.

Monalisa que é moradora da comunidade Nova Brasília, trabalhava como diarista mas devido a pandemia fiou sem serviço, e há 3 meses aguarda o auxílio emergencial do governo.

O projeto conta com uma equipe de cerca de 25 pessoas, dentre essas cozinheiras, entregadores e funcionários, que trabalham na produção e entrega das quentinhas. Em média, são feitas mil unidades por dia, distribuídas em diversos pontos do Complexo do Alemão. Michel Brum, de 39 anos, é motorista de aplicativo e ficou os dois meses iniciais da pandemia parado, sem rodar. Retornou às atividades em razão do Prato das Comunidades. “É da comunidade para a comunidade, o projeto ajuda todos, quem precisa das refeições e quem precisa trabalhar. Infelizmente, nós moradores não temos só essa opção de ficar em casa, não dá para contar com o governo, as contas continuam vindo, e nos vemos sujeitos a se cuidar o máximo possível para estar trazendo o pão de cada dia”.

Michel realiza e entrega de quentinhas nas localidades mais carentes do Complexo do Alemão, chega a levar em média 330 quentinhas por dia.

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A importância que o projeto cumpre consegue ir além de apenas ajudar as famílias que estão em maior vulnerabilidade social, uma vez que exerce o papel que o Estado não faz para essa população. “Tem gente que não tem o que comer, e também tem gente que não tem trabalho. Sem o projeto não sei como todos estaríamos. Fora que as pessoas da comunidade valorizam muito isso aqui. São muitas mensagens de carinho e gratidão que recebemos por esse trabalho”, contou a cozinheira Elizangela de Arruda Silva. 

Projeto existente desde maio, o Prato das Comunidades dá assistência na alimentação de moradores em situação de vulnerabilidade e gera empregos no Alemão
A cozinheira Elizangela já atuava no projeto Cozinha Popular do Instituto Luciano Medeiros, e agora soma a equipe do Prato das Comunidades.

Cada R$ 4,33 é uma refeição entregue a uma família e uma série de outros moradores contratados são ajudados. O projeto precisa de doações para continuar e você pode fazer a diferença, sem precisar de muito. Acesse o pratodascomunidades.com para fazer sua doação.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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