Até R$ 1.238 por mês. Esse é o valor que a maior parte (63%) dos moradores do Complexo do Alemão vivem, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), divulgada pelo site G1 na quinta-feira (23). O estudo traçou o perfil da população das 13 favelas que compõem a região e levantaram dados sobre fome, serviços de saúde, educação, limpeza, abastecimento de água, raça, preconceitos e violência.
Ainda no campo da economia, a pesquisa apontou que 24% da pessoas não contam com nenhuma renda mensal e apenas 28% do total de trabalhadores do Complexo do Alemão são assalariados com carteira assinada. O Ibase entrevistou 2 mil moradores e 71% deles acham que os serviços de saúde, educação, limpeza e abastecimento de água não atendem às necessidades locais.
Gabinete de crise ajuda moradores
Em meio a tanta desigualdade e precariedade, uma luz solidária surgiu no Complexo do Alemão. O Gabinete de crise do Alemão, criado por alguns coletivos da região, passou a arrecadar donativos e fazer ações beneficentes. Ao todo, já são mais de 12 mil cestas básicas distribuídas, além de mais de 13 mil galões de água e outros itens básicos. Para Camila Moradia, uma das idealizadoras do Gabinete, a dura realidade é visível em diversas localidades do Alemão.
“Eu poderia te contar pelo menos umas cinco experiências de cada localidade por qual passamos. Para essa realidade mudar, primeiro precisamos ter acesso aos direitos já garantidos na Constituição. A igualdade precisa sair da teoria e ser praticada por todos. Comecei a pensar na quantidade de crises que a favela já tinha mesmo antes da pandemia e a quantidade de vezes que nós moradores e instituições aqui da favela nos organizamos, pensamos e criamos caminhos para diminuir o impacto, amenizar e seguir resistindo. Fiz um post no Twitter marcando algumas pessoas e chamei para criarmos o Gabinete de crise Alemão. A motivação é sempre o nós por nós“, ressalta Camila.