“Ser gay ou lésbica na favela é diferente de sê-lo no asfalto”.
Esse é o grande destaque do Grupo Conexão G que, através do Observatório de Violências LGBTI+ em Favelas, publica o primeiro Dossiê Anual do Observatório de Violências LGBTI+ em Favelas. A pesquisa mostrou que metade do público LGBTQIAP+ que respondeu à pesquisa revelou que passaram por discriminação em ambiente de trabalho, dentro e fora da favela que moram.
A coordenação do estudo foi feito por Gilmara Cunha, líder internacional dos Direitos Humanos e fundadora e diretora do Grupo Conexão G de Cidadania LGBTI de Favelas. Sobre a pesquisa, Gilmara explica além do ambiente fora da comunidade, dentro da favela, o público LGBTQIAP+ também fica desamparado. “Aqui dentro, existem regras, muitas delas trazidas por igrejas neopentecostais, que nos colocam em risco”, destaca. “Como vamos denunciar um agressor que mora a três casas da nossa?”, questiona.
Gilmara comenta que as políticas públicas para pessoas LGBTQIAP+ não chegam até às favelas. “Uma travesti aqui dentro é diferente da do asfalto. É diferente ser gay, lésbica dentro de uma comunidade. Não queremos que isso aconteça. Queremos fazer parte da democracia e da sociedade.”
Os dados do Dossiê Anual do Observatório de Violências LGBTI+ em Favelas:
Raça:
- 53% se declararam negros;
- 24%, brancas;
- 13%, amarelas;
- 9%, indígenas;
- 1% não respondeu.
Impacto da Polícia:
- 48,28% já sofreram violência em uma abordagem policial;
- 47,80% já tiveram suas moradias invadidas;
- 70% disseram terem ficado impossibilitados em alguma ocasião de ir para casa em decorrência de operações policiais;
- 24,28% contaram que já se sentiram ameaçadas em uma abordagem policial por sua identidade de gênero ou orientação sexual.
Agressões e Assédio:
- 23,5% declararam já terem sofrido assédio sexual;
- 25,5%, abuso psicológico;
- 80% das que se declararam lésbicas afirmaram que foram vítimas de assédio sexual;
- 60% dos homens gays relataram assédio moral.