Por que a grande mídia não sabe falar sobre o morro e como é que o morro faz a sua mídia?
Boa parte da população brasileira está inserida nesse emaranhado de informações que se dá através da diversidade de ferramentas tecnológicas que nos cercam. Não importa por onde, a notícia dá um jeito de chegar.
É nessa pluralidade de informações que temos como principal agente, a mídia. Entende-se como mídia, nesse contexto, ações feitas por diversas ferramentas comunicativas que tem como meta atingir um público e com isso deixá-los a par da situação. Mas como se dá a relação da mídia ao narrar os acontecimentos nas favelas?
Quando a narrativa sobre o que acontece dentro das favelas é abordada pela grande mídia, o discurso é, majoritariamente, através de uma única categoria: a violência. Segundo o Observatório Mídia do projeto Mídia e Favela, foi feito um acompanhamento aos jornais O Globo, Extra e Meia-Hora, nos meses de maio e junho. Os gráficos abaixo apontam uma análise mensal, aos temas abordados pelos três veículos em suas matérias sobre as favelas. Todos estes veículos persistem e dão ênfase a um único assunto “violência, criminalidade e drogas”.
(fonte das fotos sobre os gráficos)
fonte: http://observatoriodefavelas.org.br/wp-content/uploads/2013/06/Midia-e-favela_publicacao.pdf
Isso alimenta ainda mais a visão pejorativa da identidade social dos moradores de favelas. Cria-se uma interpretação diretamente ligada à forma negativa com que essas comunidades são narradas nos grandes setores de comunicação, podendo anular ainda a existência de manifestações artísticas e culturais deste território. Fica claro, que a grande mídia apresenta uma certa cobiça pela cobertura dos fatos relacionados à criminalidade. É claro que ela não descarta outras pluralidades de informações. Mas, quando se trata da representação do risco nas grandes cidades, é sobre os pobres, seus crimes e seus locais de moradia que se constroem os discursos midiáticos.
É claro que dentro da grande imprensa há programas ou coberturas que apresentam a favela sob uma perspectiva mais progressista e real, fora de todo esse contexto narrativo. Mas ainda estamos escassos desse tipo de representação.
Fazendo um constaste a isso, estão as mídias comunitárias, tendo um papel de grande importância para o público favelado. Não é uma mídia sobre o morro, mas produzido para o morro e por quem mora nele.
As mídias comunitárias adotam uma plataforma totalmente diferenciada dos veículos de grande mídia. Seus propósitos são outros, enquanto de um lado temos uma mídia tradicional, cujo o interesse é atingir às grandes empresas, do outro temos uma ‘mídia de rua’, não se limitando somente à um foco narrativo, ela se permite sair do assunto violência e possibilita apresentação das manifestações de artes, eventos, entre outros atos que realmente realçam a potencialidade favelada.
Essa comunicação popular não é somente para eles e feito por eles, mas também é para atingir o público de fora, mas causando um outro impacto, o de resinificação da favela. Precisa-se de uma democratização da comunicação. Tem que se sair dessa bolha e de um discurso repetitivo pela mídia tradicional. Essa democratização precisa abrir alas para uma diversidade maior de vozes interferindo no cenário geral da sociedade. Se a gente tem uma mídia altamente interessa em lucro, a crise na mídia ainda vai continuar a existir.