“Existem apenas dois legados permanentes que podemos esperar dar a nossas crianças. Um deles é raízes; o outro, asas.”, segundo Hodding Carter. Em um tempo bastante conturbado para a maioria das pessoas, aquelas que deveriam estar sendo zeladas e protegidas de qualquer experiência violenta estão cada vez mais expostas a esses acontecimentos. Diante disso, entram os projetos sociais focados justamente nessa gente, para ajudar a se posicionar no lugar em que vive, especialmente nas favelas. São mais um escape da violência, da marginalização e do crime pelos quais jovens e crianças são cercados diariamente e que, infelizmente, podem levar a escolhas ruins. A introdução deles na sociedade é feita por meio de ferramentas como o esporte (1/2), a música, o cinema, a ciência, a arte, a cultura, a educação, a poesia, a tecnologia, a escrita, a literatura, o meio ambiente, a dança, o teatro, a fotografia, entre outros.
A apresentação a esses projetos acabam possibilitando novas perspectivas de vida, direcionando os participantes a se reconhecerem e expandirem a própria reflexão crítica, a exercerem a cidadania, o respeito, a empatia, a elevação da disposição, a criatividade, a imaginação, a disciplina, a interpretação e a expressão. É dar o megafone a uma voz que é tão silenciada nos dias atuais para serem agentes capazes de lidar melhor com o que está a sua volta, ajudando na superação de obstáculos sociais, raciais, econômicos e políticos.
A exposição direta à violência, causada por conflitos armados, seja por parte do Estado – em sua falta de planejamento nas operações policiais dentro das favelas, pensando somente em saldos e focados na repressão usando de medo e terror e não em vidas atingidas violentamente pela quebra de direitos e mortes, no caos que se instala dentro da área de Segurança Pública – ou por guerras entre facções, são apenas alguns dos vários fatores que, muitas vezes, afetam o funcionamento dessas ações sociais e conduzem centenas de crianças e jovens com pouca perspectiva de vida e vulneráveis para a evasão escolar, problemas familiares, desencadeamento de distúrbios/traumas psicológicos e mentais (ansiedade, depressão, agressividade), etc.
Tais fontes de desenvolvimento mostram que existem seres humanos capazes de mudar o mundo e inovar da maneira como podem, como qualquer um, mas que só necessitam de uma oportunidade, de uma ferramenta e da asseguração do direito à paz, proporcionados por uma estruturação efetiva dentro da área de Segurança Pública que busque valorizar o local e as ações já existentes, não para afetar de forma negativa implantando medo ou ferindo direitos. A relevância destas “bússolas” nesses espaços refletem na própria nação por ser mais uma oportunidade de esses indivíduos fazerem escolhas boas tanto para si quanto para os outros, de compreenderem a própria responsabilidade no lugar onde habita, de se desenvolverem socialmente e pessoalmente e de se localizarem como cidadão, participando ativamente de debates importantes. São as luzes no fim de um túnel chamado democracia.
Foto destaque: Fagner França