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Moradora do Alemão não consegue mais trabalhar após UPP instalar cabine blindada na porta do seu comércio

O local escolhido era a única área de lazer das crianças na região
Cabine na porta do comercio. Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades
Cabine na porta do comercio. Foto: Renato Moura / Voz das Comunidades

Na última quinta-feira (30/07), policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Nova Brasília,  instalaram uma nova cabine blindada da UPP na localidade conhecida como Sem Saída no Complexo do Alemão. Contudo, o local escolhido foi justamente em uma barraca comercial da região.

Moradores da região da Sem Saída, viviam a expectativa nos últimos meses de que fosse construído no local uma quadra esportiva ou espaço recreativo. Porém, foram surpreendidos com a instalação de uma cabine policial. Moradores já esperavam algo relacionado à UPP, pois policiais já estavam há certo tempo na localidade fazendo anotações e tirando medidas. 

Entretanto, a problemática não foi a instalação da cabine policial e sim o local escolhido. É justamente no espaço em que fica uma barraca comercial, onde os moradores do condomínio do Itararé e da Sem Saída tinham seu espaço de lazer com suas famílias.  

Comerciante afetada

Fabiana Cardoso Domingues, de 39 anos, é a dona do estabelecimento. Ela relatou a indignação com a forma como foi conduzida a instalação da cabine e com a ausência de diálogo com os moradores por parte da UPP. “É meu trabalho, meu ganha pão. Estou sem trabalhar por causa disso. Além de ser meu trabalho, era um espaço também das crianças daqui, agora não se tem mais a confiança de deixar ali, pois não se sabe o que pode acontecer. Aí eu fecho a loja, e eles (policiais) vão lá e sentam dentro da loja, como vou trabalhar assim?”

Moradora conta que agora está impossível trabalhar. Foto: Renato Moura

Mensalmente, Fabiana tinha uma renda de cerca de R$ 1.200, que foi comprometida. O comercio era a maior fonte de renda de sua casa, sendo que o seu esposo não trabalha mais devido a um acidente. Numa casa em que moram 5 pessoas, sendo 2 adultos e 3 crianças, a família se vê sem saber o que fazer.

Moradores alegam que havia outros inúmeros locais ali possíveis para a instalação, mas, que o ponto foi escolhido por justamente usar a loja como escudo para eventuais confrontos. Com isso, pedem sensibilidade e diálogo para a situação, em razão do espaço ser uma das poucas áreas de lazer da comunidade.

Esclarecimento da PMERJ


Em nota, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, esclareceu que a alocação de policiais militares e o posicionamento de equipamentos obedecem a um planejamento estratégico, e que são levados em consideração informações do setor de inteligência da corporação e análises das manchas criminais locais. Informou também que a distribuição do aparato policial é pensada de forma a garantir a segurança de policiais militares e moradores, além de servir como fator inibidor para a atuação e circulação de criminosos armados. E, de acordo com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), a cabine foi instalada ao lado de um terreno baldio, sem ocupar o seu espaço.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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