Pablo Alves, morador do Morro do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio, relatou ter sido agredido por policiais militares durante uma abordagem na tarde da última terça-feira (8). Em entrevista à “TV Globo”, Pablo contou que foi abordado, levantou a camisa para mostrar que não tinha nada suspeito e disse aos policiais que tinha horário para entregar uma prova. Logo em seguida, ele alega ter sido agredido.
Durante a confusão, vizinhos de Pablo gritavam que ele era morador, para tentar apartar a violência. Com ferimentos no rosto, nas costas e braços, Pablo foi levado para o Hospital do Andaraí, na Zona Norte. Débora Cristina, mulher de Pablo Alves, também diz ter sido agredida. O caso foi registrado na 19ª DP (Tijuca).
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, uma equipe do Grupamento de Intervenções Táticas (GIT) da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) em patrulhamento na comunidade, abordaram um homem em atitude suspeita, que resistiu à revista reagindo com palavras de baixo e calão e, por isso, recebeu voz de prisão por desobediência. Ainda segundo a PM O rapaz entrou em luta corporal com os agentes de segurança, provocando reação de populares que atacaram os policiais com pedradas e garrafadas. Um policial foi ferido, mas a situação foi estabilizada.
Rotina de abordagens abusivas
No entanto, outros casos de abuso de policiais em abordagens foram expostas na internet, como aconteceu com Rene Silva. O criador do jornal Voz das Comunidades relatou que já foi parado pela polícia três vezes no mês de dezembro.
Em uma das abordagens, Rene relatou no Twitter que um policial perguntou se ele tinha drogas ao ver dinheiro na carteira do jovem. De acordo com a publicação do ativista, o policial entrou em sua conta do Instagram e fez insinuações sobre as publicações do perfil.
Em outro tweet Rene desabafa: “bate uma tristeza. Bate um desânimo. Um sentimento de impotência do caramba porque essa abordagem ridícula deve estar acontecendo agora com milhares de pretos neste país. Porque nós, homens negros, somos sempre os suspeitos comuns pra polícia”.
Os dados comprovam
Com base nos dados da Rede de Observatórios da Segurança, negros são o alvo da letalidade policial nos cincos estados monitorados pela organização. No caso do Rio de Janeiro, onde 51% da população é negra, 86% dos mortos pela polícia são negros.
Segundo a pesquisa, em 2020 a alta no número de mortos em ações policias se manteve no Rio. A questão levou o STF a proibir operações policiais em favelas durante a pandemia de coronavírus, mas a medida foi desrespeitada.