Próxima à localidade do Sabino, no Complexo do Alemão, a residência de Elisete Barbosa, de 46 anos, apresenta uma condição de abandono público por parte da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Defesa Civil do Município. A casa foi interditada em 2013, após uma chuva intensa na região, causando um deslizamento de terreno em cima da propriedade. Até agora, não se apresentou uma solução definitiva à moradora.
Para Elisete, que residia no local com seu marido e familiares, a situação é um incômodo que a persegue há 9 anos. Segundo ela, no primeiro ano depois da ação das instituições públicas, a Prefeitura do Rio de Janeiro a cadastrou no programa Aluguel Social. Mas, logo depois, retirou o benefício alegando que a moradora possuía duas casas na comunidade. Entretanto, a suposta segunda residência possui o endereço da Associação dos Moradores da região, que recebe correspondências de quem reside na comunidade.
“É uma luta frequente por um direito que é meu! A gente entende a vulnerabilidade da região e o porquê da casa ter sido interditada. Mas nos prometeram uma obra e suporte para passar por essa situação. Retiraram o meu aluguel social alegando que possuía duas casas. Mas não é verdade. Todo morador de favela coloca o endereço da associação dos moradores para receber as correspondências e encomendas. Pois, o Correio não vai até a nossa casa. É injusto!”.
Em busca de compreender a condição de Elisete, a equipe de reportagem do Voz das Comunidades entrou em contato com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e Defesa Civil solicitando informações e posicionamento a respeito desta situação. Ambas instituições retornaram informando que estão averiguando a condição do caso. A moradora revela que possui um processo ativo na Justiça do Rio de Janeiro reivindicando o aluguel social que foi retirado dela, após essa decisão de interdição.
Atualmente, Elisete reside na região do Canitar, no Complexo do Alemão, com a ajuda de familiares. Para ela, o processo de definição da situação é mais do que essencial para dar continuidade à rotina da vida. A moradora destaca que a situação se prolonga a tanto tempo que o seu filho, que morava no local na época, hoje está casado. Além desse grande detalhe que revela a demora do poder público em atender a demanda, no tempo atual ela também se tornou avó.
“Vivemos muitas histórias aqui, sabe? Moramos nessa casa por 20 anos. Desde o dia que saímos, essa é a primeira vez que retorno presencialmente no local. A pergunta que fica é: por que eles desabilitaram todas as casas na região, mas mantiveram a minha na época? A nossa sorte é que estávamos todos acordados quando aconteceu o deslizamento. Hoje em dia só quero a definição desta situação e os meus direitos”, desabafa.