É com essa frase que Suellen Souza da Silva, detalha o que é ser uma líder comunitária. Com 25 anos, a educadora e formanda em pedagogia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) não enxerga o mundo de maneira singular, mas sim de âmbito coletivo.
O dia do Líder Comunitário se comemora neste dia 5 de maio e celebrando a data, Suellen conta que só chegou neste status por causa da pandemia. “Eu já fazia parte do movimento estudantil da UERJ. Aí quando começou a pandemia, Cavalcante foi muito afetada. Na minha casa, só eu consegui trabalhar de home office. Minha mãe e meu padrasto são autônomos, então ficaram sem trabalho nesse tempo”. Suellen segurou as pontas dentro de casa e por conta das ações sociais de outros grupos, recebeu doações de cestas básicas, alcool gel e máscaras. “Quando a pessoa veio me entregar, eu fiquei pensando. A pessoa veio de longe pra me entregar. Ela veio pela solidariedade, pelo bem, pela sobrevivência… E como a gente estava totalmente abandonado pelo Estado, eu percebi que a força era pelo coletivo mesmo. E fiquei imaginando quem não tinha nada. Aqui em casa, tínhamos, pelo menos, a renda. Mas e quem não tinha nada disso??”.
Mudança e Transformação
Com máscaras doadas por um grupo social, Suellen e uma amigo começaram a andar pelo território de Cavalcante. Distribuindo os materiais de higiene, eles exploraram o bairro e notaram demandas maiores na região. “Demandas de higiene, saneamento básico, as pessoas não tinham gás em casa, não tinha, água. Aí, na mesma semana, nós criamos o Frente Cavalcanti e começamos a arrecadar.” As mudanças foram acontecendo, os horizontes foram se ampliando. Ações sociais de outras comunidades começaram a atuar junto com o Frente Cavalcante, que começou a levar mais esperança para os moradores das comunidades.
Sociedade Desigual x Inspiração
Cavalcante é uma comunidade que, conforme as palavras da própria Suellen, não é muito visada. E de fato, não é. Localizado na zona norte do Rio de Janeiro, o bairro é cortado pela Avenida Herculano Pena, que liga os vizinhos Madureira e Cascadura ao bairro Engenho da Rainha. Então, para que os moradores da região tenham que acessar algum lazer, é necessário depender de transporte. Suellen reflete sobre isso e relata que ações sociais que realiza é uma forma de levar a arte e a cultura para jovens que não conseguem ter acesso. “O certo é a gente ter acesso. O certo é a gente ter cinema, teatro, museu… E na favela não tem isso. A gente precisa ter dinheiro pra acessar isso. A gente tá vivendo uma sociedade desigual. Principalmente para pessoas pretas e faveladas. E por que fazemos esses projetos. Porque são eles que fazem a gente sonhar.”
Ações Sociais
Atualmente, Suellen compõe o Coletivo Primavera, o qual é co-fundadora, que busca dar visibilidade às favelas de Cavalcante. Para isso, realiza ações sociais itinerantes pelas praças das comunidades. O coletivo tem dois projetos em ação que é a Hora do Cine, que leva filmes para as crianças das comunidades e o Sementes, que consiste em rodas de conversa com contos de histórias e pinturas que levam representatividade e consciências para o mesmo público. As atividades são sempre conectadas aos temas que abordam igualdade de gênero e pautas raciais.
O Coletivo Primavera atua junto com outros grupos sociais como o Coletivo Fala Akari e até o Voz das Comunidades. Mas todo o apoio é bem vindo. Para toda a ação, o Coletivo Primavera está contando com a sua ajuda voluntária, seja ajudando presencialmente por doações. Para entrar em contato com o grupo, basta chamá-los no @ColetivoPrimavera_