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Estudantes são mortos a tiros em três favelas do Rio, durante feriadão

NO ÚLTIMO FIM DE SEMANA, TRÊS ESTUDANTES FORAM BALEADOS E MORRERAM EM DIFERENTES COMUNIDADES DA CIDADE

Na última quinta (1º), véspera de feriado, Thiago de Souza Mendonça, de 14 anos, estava com os amigos em uma praça perto de casa, na Cidade de Deus, Zona oeste do Rio, quando foi atingido por um tiro de fuzil. Mesmo baleado, o estudante ainda conseguiu correr e chegar até a mãe, que desesperada, levou o filho com a ajuda de parentes e vizinhos ao Hospital Lourenço Jorge.

Duas semanas antes de ser baleado com o disparo que atingiu suas costas, Thiago, que era aluno da Escola Municipal José Clemente Pereira, no Karatê, esteve do Festival Juventude na Favela onde participou de um bate papo sobre Comunicação Comunitária com representantes da Defensoria Pública e integrantes de veículos de mídias independentes locais. O jovem era apontado como um rapaz educado e muito esforçado.

Filho de um mototaxista e de uma vendedora de sanduíches, Thiago passou por três cirurgias, mas depois de 2 dias de luta, veio a óbito na tarde sábado (3). A família precisou fazer uma vaquinha para pagar os custos do enterro e através da mobilização das páginas CDD na Web e Voz das Comunidades, o valor foi arrecadado.

No mesmo dia em que Rosângela Almeida Mendonça, de 36 anos – que hoje segue a base de medicamentos – recebia a notícia da morte do filho, mais um jovem foi alvejado por um disparo de arma de fogo.

Dessa vez, a bala perdida foi fatal ao atingir Wanderson Salutiano dos Santos, de 16 anos, morador do Morro da Fé, no Complexo da Penha, Zona Norte da cidade. Estudante do 9º ano na Escola Municipal Miguel Angelo, Wanderson foi achado por um tiro dentro da casa da tia, na Rua Eva, localidade conhecida como Lixeira e levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, onde não resistiu ao ferimento e morreu em seguida.

De acordo com a família, o rapaz estava dormindo e foi baleado quando acordou assustado e se levantou para fechar a janela. Wanderson será enterrado no Memorial do Carmo, no Cajú.

Segundo nota oficial da Polícia Militar, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foram atacados por criminosos enquanto atuavam no local e ainda de acordo com a nota, nenhum PM revidou aos disparos. A Delegacia de Homicídios da Capital (DH) foi acionada para dar andamento às investigações.

Ontem (5), em Manguinhos, a polícia também não confirmou a autoria do disparo e nem se o jovem de 17 anos que foi alvejado com um disparo na cabeça tinha envolvimento com o crime. De acordo com moradores, o adolescente foi identificado por um tio, era morador da comunidade e passava pelo local no momento em que a Base da UPP era atacada.

Agentes da Corregedoria da PM disseram que não viram o jovem ser atingido e que o morador foi socorrido e encaminhado para o Hospital Federal de Bonsucesso após a área ser estabilizada. Além do óbito, outras quatro pessoas foram atingidas, sendo três policiais que passam bem e um suspeito que foi reconhecido como um dos participantes do ataque à base.

Na quinta feira, véspera do feriadão em que os três jovens seriam mortos, o Governo eleito no Rio Wilson Witzel, dizia durante entrevista ao Jornal Estadão que ‘A polícia vai mirar na cabecinha e… fogo’.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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