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Wifi Rio Estado Digital só para alguns

Muitos moradores ainda não têm acesso ao sinal que hoje é fundamental até para segurança

O projeto que libera sinal gratuito de Internet via Wireless no Complexo do Alemão, está fazendo três anos de implantação. Um bom momento para avaliar os resultados. Nossa equipe foi às ruas ver onde o sinal chega e como reagem os moradores ao que deveria ser uma ampla inclusão digital.

As pessoas vivem conectadas, seja para trabalho ou simplesmente para o lazer. Na era dos smartphones e das redes sociais, quem não gosta de se conectar a um sinal de Wi-fi gratuito? Esta democratização do conhecimento, que vem com a inclusão digital, é transformadora para uma sociedade. Quem tem acesso à Internet fica não só mais informado como se torna um agente transformador.

No Alemão, o serviço foi instalado em 2012 com o objetivo de atingir cerca de 380 mil pessoas, mas aparentemente, não é isso que acontece. Conseguir utilizar o sinal é uma tarefa dicil. Josiane Santana, de 27 anos, fotógrafa, trabalha conectada à web. Ela mora em um condomínio na Estrada do Itararé e afirma que nunca conseguiu acessar à rede do Rio Estado Digital: “É um serviço disponível para os moradores mas não funciona corretamente. É um absurdo”, desabafa.

Erro ao conectar o wifi Rio Estado Digital na alvorada - Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)
Erro ao conectar o wifi Rio Estado Digital na alvorada – Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)

A universitária Diane Oliveira, 32 anos, também não consegue acessar a Internet na Alvorada, próximo à estação do teleférico. Diane relata que na época em que o serviço de Wi-Fi gratuito foi implantado, os moradores conseguiam utilizar normalmente, mas depois de alguns meses, ficou impossível se conectar. “Era muito bom! A pracinha ficava cheia de crianças e adolescentes conectados. Agora para poder acessar tem que pedir a senha do Wi-fi ao vizinho”, relata.

Um sentimento comum a muitos moradores é de que o sinal de Internet gratuito é uma necessidade, não um luxo. As redes sociais ajudam na comunicação entre os moradores que podem trocar informações tais como a parada de um teleférico ou um roteio. O próprio jornal Voz da Comunidade recebe dezenas de informações diárias que repassadas pelas Redes Sociais ajuda os moradores.

Diane lembra que o roteio no Alemão não tem hora e lugar para acontecer. Uma forma de entrar e sair da comunidade é enviando mensagens aos amigos e vizinhos para saber como está a situação no morro.

Adryelle Silva de Oliveira mostra que funciona o Wifi próximo a sua casa. - Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)
Adryelle Silva de Oliveira mostra que funciona o Wifi próximo a sua casa. – Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)

Apesar das muitas reclamações, ainda há locais em que o sinal de Wi-fi do Rio Estado Digital funciona. No começo da Rua Pedro Avelino, atrás da UPA do Alemão, no Condomínio da Paz, a estudante Adryelle Silva de Oliveira, 18 anos afirma que sempre utilizou o serviço normalmente. Mesmo quando falta Internet em casa vai até a praça próxima e conecta por meio do Wi-fi gratuito. “A rede está sempre disponível e quem não ver internet, vem para cá”.

A FAETEC (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro), administradora do programa confirma que alguns equipamentos estão desligados e danificados principalmente por vandalismo e perfuração de ros.

Há também a dificuldade de acesso da equipe técnica que às vezes é impedida de realizar o trabalho. Uma reunião agendada com algumas organizações do Alemão pode ajudar a resolver o problema. No encontro estarão presentes os técnicos da FAETEC e da empresa que administra a rede.

 Por: Lucilene Santy

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PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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