As gôndolas do teleférico do Complexo do Alemão guardam histórias que, reunidas, poderiam até virar um livro sobre o novo encantamento dos turistas, a mistura de culturas e povos, ou a própria superação dos moradores.
Tatielle Olímpio, de 18 anos, e Jefferson Souza, de 19, se conheceram em setembro de 2009, quando participavam de um projeto da Suderj realizado perto da comunidade. Ela, do Morro do Alemão. Ele, do Morro da Baiana. As dificuldades de se verem eram muitas, como a proteção da mãe que, por conta do tráfico armado, não deixava Tatielle sair de casa a não ser para a escola. A distância também era um problema, pois como não havia o teleférico, Jefferson tinha que subir algumas centenas de degraus para chegar à casa da namorada.
“Olha, eu não sei quanto eu tinha que andar para chegar até a casa dela, mas era muita coisa. Deu muito trabalho, porque a mãe dela tinha muito medo dos traficantes e não a deixava sair de casa com receio de alguma coisa acontecer”, lembra Jefferson.
“Aí, eu ia para a casa dela todo final de semana. Essa era a única maneira de nos encontramos. Mas sempre valeu a pena”, completa.
E a dificuldade era tanta que o casal só conseguiu sair para o primeiro encontro de verdade após quase um ano de relacionamento, quando passaram o primeiro Dia dos Namorados juntos e foram ao cinema. “Eu lembro que fomos ao cinema assistir a uma comédia romântica achando que era dublado, mas era legendado. Não entendemos quase nada do filme” (risos). “Mas não tem como esquecer aquele dia, nossa primeira saída, mesmo com os problemas, a preocupação da mãe, o medo e a tensão de voltar tarde para o morro”, completou Jefferson.
Via: Upprj.com / Texto: Priscila Marotti / Fotos: Marino Azevedo