Depois da pacificação, os moradores da Favela da Rocinha ganharão mobilidade. A construção de um teleférico nos moldes do sistema implementado no Complexo do Alemão é a aposta do governo do estado para garantir rápido acesso dos moradores da comunidade à futura estação São Conrado da Linha 4 do metrô. A Empresa Estadual de Obras Públicas (Emop) estima que o sistema terá nove estações, percorrerá um trecho de 2,5km e operará com capacidade para transportar 30 mil pessoas por dia. O início das obras deverá se dar no fim do ano que vem, caso não haja atraso nas licitações.
O governo marcou para o próximo dia 30 a concorrência pública para elaborar a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) da Rocinha. A vencedora terá R$ 12 milhões para desenvolver os projetos. Além do teleférico, as intervenções incluem a construção de pelo menos três planos inclinados. O objetivo é dotar a Rocinha de um sistema de transporte integrado ao metrô, como diz o presidente da Emop, Ícaro Moreno Júnior, que estima custo de R$ 700 milhões para execução do projeto.
— Os planos inclinados terão acesso às estações do teleférico, que será ligado ao metrô. Tenho um conceito de teleférico, uma ideia ainda a ser debatida com a população. Vamos propor nove estações, cortando a Rocinha desde a estação do metrô, na subida da Estrada da Gávea, até o Largo do Boiadeiro, passando pelo parque ecológico que vamos inaugurar em janeiro — planeja.
As gôndolas devem ser similares às do Alemão, com capacidade para oito pessoas sentadas e duas em pé, detalhou o presidente da Emop. E o número de paradas da Rocinha deve mesmo ser maior que o do Alemão (cinco).
A Emop considera que, por conta da maior concentração populacional por metro quadrado da Rocinha em relação ao conjunto de favelas da Zona Norte, o novo teleférico terá um pouco mais do que as 152 cabines de passageiros do Alemão. Moradores da favela deverão ter uma passagem de ida e uma de volta gratuitas por dia.
— Não tenho dúvidas de que o sistema de transportes da Rocinha será um grande sucesso. O Alemão está hoje com 12 mil passageiros por dia. Na Rocinha, mais vertical e com densidade demográfica maior, podemos chegar a 30 mil logo no início de operação — avalia Ícaro Moreno.
Se as obras prometem trazer benefícios à favela, alguns transtornos serão inevitáveis, diante da necessidade do reassentamento de cerca de mil moradores. Essas pessoas serão realocadas na própria comunidade, ou podem ir para outro local, via programa de compra assistida.
Em recente reunião com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, a presidente Dilma Rousseff pediu ao governo do estado que desenvolva projetos para a ampliação dos espaços entre o mobiliário da Rocinha. A presidente quer que as intervenções sigam o modelo da Rua Quatro, que foi alargada em 7,5 vezes.
— Abriremos espaço, vamos oxigenar a comunidade e derrubar os altos índices de tuberculose. Em janeiro, vamos licitar outros R$ 60 milhões em obras de saneamento e diversas ações de conclusão do PAC-1 — diz Pezão.
O teleférico da Rocinha pode ter nove estações, quatro a mais do que no Alemão.
Fonte: Oglobo