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Projeto ‘Cria CPX’ ensina a arte do graffite aos moradores da comunidade

Projeto que nasceu há cerca de 1 mês, fica na Central no Complexo do Alemão e ensina o graffite de forma gratuita
Projeto Cria CPX. Foto: Renato Moura/ Voz das Comunidades
Projeto Cria CPX. Foto: Renato Moura/ Voz das Comunidades

Quem passa pela Central, no Complexo do Alemão, logo se depara com um muro no qual tem um belo graffite escrito ‘Cria CPX’, e ao entrar para descobrir do que se trata logo veem que ali é um espaço no qual a arte e cultura estão disponíveis gratuitamente aos moradores da comunidade.  

A ideia de levar e ensinar a arte do graffite no Complexo do Alemão surgiu de uma conversa informal dos grafiteiros e amigos Miguel Afa, Zeco e Seon.  Zeco e Seon que são primos, foram alunos de Afa numa oficina de graffite que acontecia no extinto espaço da Cufa no Complexo do Alemão. “Os meninos (Zeco e Seon) foram meus alunos e hoje estão comigo levanto o graffite adiante. Num sábado estávamos juntos e a ideia surgiu, olhamos um para o outro e falamos ‘bora fazer?’ e já combinamos de começar na quarta seguinte, juntamos o que tínhamos e estamos aqui, é só um começo, a gente espera fazer muito mais”, contou Afa. 

Sem fins lucrativos, o projeto que incentiva a arte e a cultura do graffite acontece toda quarta-feira das 14h às 17h, e as oficinas gratuitas vivem de doações. Segundo Zeco, a ideia é cada vez receber mais crianças, mas para isso eles precisam do apoio através de doação de materiais como lápis, folhas de ofício e tinta.  

Sem fins lucrativos, o projeto que incentiva a arte e a cultura do graffite. Foto: Renato Moura/ Voz das Comunidades

“O graffite começa no papel, no traço e é para todos. Alguns acham que vão chegar aqui e não vão conseguir, mas a arte é estudo e treinamento. Aqui eles aprendem o traço no papel, estudam os tipos de letras e depois disso vamos para o graffite no muro. Precisamos de todo esse material para que cada vez mais a gente atinja mais crianças e jovens da comunidade. Uma das coisas que mais temos dificuldades são com as tintas spray, que é o material mais caro”, conta ele. 

Usando a arte como ponto de reflexão e união com os jovens, Seon revelou que ali eles não são mestres e alunos, são na verdade parceiros daqueles que chegam querendo saber mais sobre a arte. “Aqui não tem essa distância de professor x aluno, somos parceiros deles e há uma troca o tempo todo, ensino o que sei, Zeco ensina o que sabe, Afa também passa isso e ouvimos quem chega aqui querendo aprender, as vezes eles até abrem pra gente problemas que passam em casa e tentamos de alguma forma ajudar”, explicou.  

E os alunos ficam atentos a cada ensinamento dos instrutores e entre um traço e outro, mostram grande evolução e satisfação em aprender coisas novas, em descobrir que a arte que admiram podem fazer parte do seu dia. É o caso do jovem Leandro, de 16 anos, que sonha em viver do graffite. “O legal é que aqui posso aprender e de graça, se tivesse que pagar um curso de graffite não teria dinheiro, e aqui aprendo tudo, já tem o material pra gente é muito legal. Eu quero poder ser um nome do graffite no futuro, eu desde pequeno sempre pensei em aprender”, revelou. 

Leandro, de 16 anos, que sonha em viver do graffite. Foto: Renato Moura/ Voz das Comunidades

Quem pensa que são só as crianças e jovens que podem participar, se engana, Zeco explicou que a oficna está aberta para todos aqueles que tem a vontade de conhecer mais sobre a arte e que eles têm o cuidado de trabalhar cada um de acordo com a sua idade. “O graffite é para todos, então todos podem vir aqui aprender, aprimorar. Sempre falo que a gente não para de aprender, eu mesmo aprendo sempre um pouco com eles. Com as crianças a gente ensina de uma forma mais lúdica, dentro do mundo deles, com adolescentes e adultos, a gente pode ensinar de uma forma mais direta. Mas aqui não temos distinção de idade, quem quer aprender é só chegar”, convida ele. 

Atendendo cerca de 30 jovens, o Cria CPX visa crescer cada vez mais e espera poder colocar aulas de manhã e até em mais dias da semana, além disso, eles querem levar esses alunos para expressar sua arte através do graffite pelos becos, vielas e ruas do Alemão. “O objetivo é abraçar cada vez mais alunos, e queremos ao final de cada turma fazer os graffites aqui nas ruas da comunidade, que há um tempo atrás já foi um mural de graffite à céu aberto”, disse Zeco. 

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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