No Complexo do Alemão, lições como combater o mosquito da dengue e dar o destino correto ao lixo são ensinadas por crianças. Vinte e cinco meninos e meninas entre 10 e 14 anos formam a primeira equipe de agentes comunitários mirins. O grupo, ligado ao Centro Municipal de Saúde da comunidade, realiza reuniões mensais para estruturar as ações de conscientização.
Nos encontros preparatórios, eles discutem sobre a transmissão de doenças e sobre a importância da limpeza na comunidade. O trabalho de campo é exigente e acontece desde março. Os agentes mirins vão de porta em porta para falar das doenças causadas pelo lixo e da importância de não despejar detritos em ruas. Eles distribuem ainda material informativo. Para fazer parte do grupo, porém, todos precisaram assumir o compromisso de não sujar a casa e as calçadas.
A ação é orientada pela agente comunitária de saúde Aparecida Batista e pela agente de vigilância em saúde Cláudia Souza. Segundo a diretora do Centro Municipal de Saúde do Alemão, Janaína Balmant, o resultado mais significativo é a limpeza das residências e a prevenção contra a dengue. “Além dessa conversa com os moradores, eles mesmos catam os detritos no local. Agora, as caixas d’água já estão tampadas e os quintais limpos”, comemora, acrescentando que é grande o poder de persuasão das crianças.
A moradora Sebastiana da Silva diz que acha importante o trabalho deles. “Tem que conscientizar as pessoas que vivem na comunidade que o lixo entope bueiros e causa enchentes”, disse.
Maria José da Silva aprova a ação das crianças no local onde mora e garante que está aprendendo muito com os agentes mirins. “Eles ajudam a conservar as ruas limpas. As crianças também ensinam às pessoas da comunidade que não tiveram oportunidade de estudar”, comentou.
Da bronca à nova atitude
O Grupo de Agentes Mirins surgiu a partir de uma atitude do morador do Complexo do Alemão, Santiago Rodrigues, 10 anos. Ao ser advertido por uma agente comunitária de saúde após jogar lixo no chão, o menino não só mudou de atitude, como começou a educar os moradores da comunidade.
Dias depois da bronca, ao reencontrar a equipe de agentes, Santiago contou que tinha começado com a irmã a limpar o quintal de sua casa e que não jogava mais lixo no chão.
O episódio inspirou a equipe do Centro Municipal de Saúde do Alemão a criar o grupo. A intenção é formar outros multiplicadores que, assim como o menino Santiago, pudessem começar a mudar seus hábitos dentro da própria casa.
Via: odia.ig.com.br