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Oficina de artesanato é oferecida gratuitamente em beco no Complexo do Alemão

Nas oficinas, Marilene ensina uma arte diferente toda semana. Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade
Nas oficinas, Marilene ensina uma arte diferente toda semana. Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

Aulas acontecem às sextas-feiras, a partir das 9h e para todas as idades

Idealizadora do projeto “Amigos do Complexo do Alemão”, que oferece aulas de artesanato para jovens e adultos, de todas as idades, Marilene dos Santos Carvalho Valadares, de 53 anos, moradora do Reservatório, é nascida e criada na comunidade. Marilene aprendeu a fazer artesanato e desenvolveu um curso para ensinar a arte de reutilizar produtos, fazendo lindas peças. “Sempre fui muito curiosa, busquei aprender, me aperfeiçoar e trazer para minha comunidade tudo o que sei. Um dia estava num curso e vi como era o trabalho com reciclagem. Foi quando me apaixonei pela reciclagem. Ali encontrei meu mundo. Via coisas que iam para o lixo que poderiam ser aproveitadas. Conseguimos encontrar muito valor no lixo”, relatou Marilene, com entusiasmo.


Marilene, de roxo. Foto: Renato Moura/Jornal Voz da Comunidade

Desde 2005 Marilene desenvolve esse trabalho de ensinar arte nos arredores do Complexo do Alemão. Há dois meses, ela possui um lugar fixo, no beco onde mora, na Rua Alex, ao lado da creche, próximo à Rua Jehovan Costa. As aulas são realizadas na porta de sua casa, a primeira do beco, toda sexta-feira, a partir das 9 horas. “Pode chegar quando quiser, vou ensinar e, com certeza, o aluno vai sair daquela aula com vontade de voltar e fazer trabalhos ainda melhores. O curso é como uma terapia para eles”, contou a idealizadora.

A artesã foi contemplada num projeto da Prefeitura sobre ações locais e, com o valor do prêmio, conseguiu comprar material para desenvolver a oficina, que atualmente está com 15 alunos e tem capacidade para 20. A aluna Glória Cristina Andrade contou que conhece o trabalho de Marilene há anos, mas só agora conseguiu participar da oficina. “Fico boba com a criatividade dela. com os materiais que ela recupera e deixa lindos. Trouxe minha filha, de 6 anos, para aprender também. Uma de minhas filhas possui microcefalia e um dia a Marilene fez um chapéu para ela, de jornal, na medida da cabeça dela. Fiquei emocionada” – disse a aluna, de 33 anos.

Nas oficinas, Marilene ensina uma arte diferente toda semana. O grupo já aprendeu a fazer chaveiros, brincos, enfeites para cabelo, bolsas e outras coisas. “É incrível como conseguimos fazer trabalhos lindos. Recebemos doações de tecidos e outros materiais, isso ajuda bastante. Sinto-me satisfeita por poder ajudar pessoas de todas as idades, sexos, e até de outras comunidades”, entusiasma-se Marilene.

Seis crianças, entre 6 e 12 anos, participam da oficina. Elas revelaram, de forma bem espontânea, que saem das aulas “mais tranquilas e relaxadas” – o que não é algo comum de se ouvir de crianças dessa idade.

Com 46 anos, Luciana Rodrigues conheceu Marilene através da internet e já está em sua quarta aula. Ela contou que passou por uma depressão após uma cirurgia e o curso ajudou a melhorar sua autoestima. “Tinham que existir mais pessoas como a Marilene no mundo. Se essas crianças não estivessem aqui, onde estariam? O curso está valendo a pena, não só para mim, para todos nós. Quando estou arrumando a casa, lembro das coisas que já aprendi na oficina e isso me estimula a decorar, fazer da minha casa um lugar mais bonito”, contou Luciana.

Mesmo quando há tiroteio na região, as aulas não param. Para Marilene, é de extrema importância que as pessoas aprendam e que fiquem com a mente ocupada. Além disso, o trabalho de artesanato tem sido uma renda extra para algumas alunas da oficina. “Na crise econômica do Brasil, é importante ter uma segunda opção”, explicou a idealizadora.

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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