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Não para não, teleférico!

Foto: (Renato Moura/Voz das comunidades)

Comunidade está em alerta e pede que teleférico não pare de funcionar

Ele foi inaugurado no dia 7 de julho de 2011. Desde então é administrado pela SuperVia. O teleférico do Alemão integra o sistema de transporte ferroviário, sendo considerado o primeiro transporte público sustentado por cabos no Brasil. Para os moradores das comunidades do Conjunto de Favelas do Alemão, o veículo é fundamental no dia a dia de quem vive nas partes mais altas.

No total, existem seis estações espalhadas pelo Complexo do Alemão, são elas: Bonsucesso/Tim, Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Palmeiras. Em 152 gôndolas, cada uma com capacidade para carregar oito passageiros, são transportados diariamente cerca de onze mil moradores e visitantes por seus 3,5 quilômetros de extensão. Da primeira estação, em Bonsucesso, até a última, Palmeiras, a viagem dura aproximadamente 16 minutos.

Teleférico do Complexo do Alemão FOTO: Renato Moura
Teleférico do Complexo do Alemão FOTO: Renato Moura

Nos últimos tempos, ocorreram diversas paralisações no serviço. Entre as causas, podemos destacar os tiroteios constantes, que fazem o transporte parar por momentos, e grandes manutenções, quando os moradores sofrem durante semanas até a reabertura das estações. A última vez em que o teleférico do Alemão parou para manutenções foi no dia onze de abril e voltou no mês seguinte, dia quatro de maio, operando em horário parcial e de maneira assistida, após a conclusão da primeira parte da manutenção preventiva obrigatória.

Diane da Silva Oliveira, de 32 anos - Foto: Betinho Casas Novas
Diane da Silva Oliveira, de 32 anos – Foto: Betinho Casas Novas

Moradora do Complexo do Alemão há 15 anos, Diane da Silva Oliveira, de 32 anos, usa diariamente o transporte desde 2013 para levar os filhos à escola e ir para a faculdade. Ela relatou como foi viver sem o teleférico durante esse tempo.

“Assim que o teleférico inaugurou, achei que não me traria muitos benefícios. Eu não vinha muito a Bonsucesso. Um tempo depois, eu comecei a fazer faculdade e meus filhos entraram na escola, e o teleférico começou a fazer toda a diferença. Pegava ele para ir à aula, para deixar e buscar meus filhos na escola, com o cartão de morador. Fazia todo esse trajeto de graça. Com a paralisação, comecei a gastar R$ 35 reais por dia. Às vezes, quando eu não tinha dinheiro para pegar um ônibus, ia a pé aos meus compromissos.”

Diane diz que devido ao prejuízo financeiro, acabou atrasando o pagamento de algumas contas para custear as viagens.

“Estou com uma conta atrasada. Na operação “tapa buraco”, rei de um lado para colocar em outro. Além de tudo isso, quando o teleférico está parado, tenho que sair mais cedo da aula, por causa do trabalho. Estou sendo prejudicada financeiramente e também na faculdade. Meus filhos de 7 anos estão prejudicados. No início da paralisação, por não estarem acostumados, acabavam faltando à aula. Não estavam tendo o mesmo rendimento. Cheguei a ir à escola conversar com a diretora.” Os moradores já estão em alerta e apreensivos. O teleférico não pode parar!

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EDITORIAS

PERFIL

Rene Silva

Fundou o jornal Voz das Comunidades no Complexo do Alemão aos 11 anos de idade, um dos maiores veículos de comunicação das favelas cariocas. Trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” em 2011, na novela Salve Jorge em 2012, um dos brasileiros importantes no carregamento da tocha olímpica de Londres 2012, e em 2013 foi consultor do programa Esquenta. Palestrou em Harvard em 2013, contando a experiência de usar o twitter como plataforma de comunicação entre a favela e o poder público. Recebeu o Prêmio Mundial da Juventude, na Índia. Recentemente, foi nomeado como 1 dos 100 negros mais influentes do mundo, pelo trabalho desenvolvido no Brasil, Forbes under 30 e carioca do ano 2020. Diretor e captador de recursos da ONG.

 

 

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