É carioca da gema, assim como Hemeli, sua filha de 13 anos. A adolescente é o orgulho da mãe. Diferente de muitos jovens da comunidade, a menina tem sonhos, e sonhos grandiosos. Quer ser médica da Marinha. Enquanto o futuro não chega, ela trata de construí-lo, com muito suor, literalmente. Aos oito anos, conta Alessandra, a menina descobriu os esportes a partir da construção da Vila Olímpica. A mãe a matriculou na natação duas vezes por semana, seguindo uma recomendação médica de quando ela ainda era recém-nascida. “Com um mês de vida, ela já tinha bronquite e foi internada com pneumonia grave, teve duas paradas cardíacas”, lembra. Das piscinas, Hemeli via outras meninas treinando ginástica rítmica e se apaixonou. Passou então a frequentar o complexo esportivo quatro vezes por semana. “Minha filha é assim, quer fazer tudo ao mesmo tempo”, conta sem conseguir esconder o sorriso de mãe coruja.
No ano passado, atenta às oportunidades e depois passar bastante tempo convencendo a mãe, a menina deu um passo além, matriculou-se no recém-inaugurado Ginásio Experimental Olímpico (GEO), colégio que oferece um novo conceito de educação por meio da prática esportiva. “No início fui contra, pois a escola fica em Santa Teresa, mas ela tanto quis que fomos e fizemos a pré-matrícula”, conta. Após uma árdua seleção, com teste de aptidão física e curricular, Hemeli foi aprovada. Hoje, pega dois ônibus para chegar à escola, onde fica das sete e meia da manhã até às cinco da tarde. Lá, ela pratica natação, handebol, judô, vôlei, educação física e tênis de mesa e sonha com a prometida equipe de ginástica rítmica no ano que vem. Mesmo com tantas atividades, mantém a média 8, pré-requisito para continuar na instituição. Para Alessandra, estar bem é ver a filha realizando seus sonhos.
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